Como deve ser a alimentação para quem tem mielofibrose
Última atualização em 6 de dezembro de 2023
Saiba as principais orientações, desde o cuidado com alimentos crus, até hábitos para combater a anemia e amenizar efeitos colaterais
Não existe muito segredo na alimentação para quem tem mielofibrose, já que não há grandes restrições. A principal preocupação está relacionada à anemia, que é muito frequente nesses pacientes. Adotar hábitos alimentares saudáveis é uma das maneiras de controlá-la. No restante, recomendações estão ligadas à higienização dos alimentos e itens que podem ajudar a aliviar os sintomas.
Isabelle Novelli, doutora em Nutrição e Oncologia e membro do Comitê de Nutrição da Abrale, explica que não há estudos avaliando quais alimentos estão proibidos especificamente na dieta dos pacientes com mielofibrose. Por isso, as orientações são as mesmas oferecidas para pessoas que estão em tratamento para outros tipos de cânceres.
“Recomendamos que o paciente tenha uma alimentação saudável e, sempre que possível, diminuir o consumo de alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios”, ela comenta.
4 recomendações de alimentação para quem tem mielofibrose
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Tomar cuidado com alimentos crus
Aqui, antes de mais nada, é preciso saber que existem, basicamente, dois tipos de comidas cruas. No primeiro grupo estão os itens que não exigem cozimento para serem consumidos, como frutas e saladas. Já no segundo estão as comidas propriamente cruas, como peixe cru da culinária japonesa, carnes mal passadas, ou receitas que levam ingredientes crus, como o mousse, que contém clara em neve.
O ideal é que comidas do segundo grupo não sejam consumidas, pois são mais sensíveis e podem estragar mais rápido ou conter algum agente infeccioso, representando um perigo para os pacientes de mielofibrose.
Isabelle fala que isso acontece porque, “durante o curso do tratamento, esses pacientes podem vir a ter algum tipo de queda de imunidade”. Por esse motivo, eles apresentam uma maior probabilidade de contrair infecções e desenvolver quadros mais graves, então é importante evitar o risco que esses alimentos crus trazem.
Já o primeiro grupo de comida crua, em geral, está liberado desde que os itens sejam muito bem higienizados.
“Isso vai depender muito da instituição e da recomendação médica. Mas, a princípio, higienizando corretamente, com hipoclorito ou com água sanitária, que, no fundo, são sinônimos, a gente consegue ter um bom consumo. Lembrando que o hipoclorito é distribuído para todos gratuitamente nas UBS no estado de SP”, Isabelle afirma
Como higienizar frutas e saladas?
- Lave o alimento em água corrente.
- Deixe de molho em uma solução contendo uma colher de sopa rasa de hipoclorito de sódio para cada litro de água potável.
- Enxágue o alimento com água filtrada.
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Não consumir alimentos adicionados de bactérias
Também por conta da questão da imunidade, a nutricionista alerta que é melhor cortar comidas como iogurte com probiótico, kombucha, kefir e queijos embolorados, como o gorgonzola.
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Alimentos que ajudam a lidar com os efeitos colaterais
“Os principais efeitos colaterais da mielofibrose são a fadiga, diarreia, dor muscular, náusea e dor articular”, Isabelle descreve.
Ela conta que, para minimizar as dores, o mais importante é se manter ativo, realizando exercícios físicos de acordo com o liberado e recomendado pelo médico responsável. Se possível, o ideal é que essa atividade seja acompanhada por um profissional de educação física especialista em câncer.
Já para a náusea, Isabelle aconselha comer alimentos que sejam mais secos e contenham sabor e cheiro mais brandos, como pão branco. Outros itens que são aliados dos pacientes são o limão, o gengibre, a hortelã e os sucos feitos a partir deles. Para esses casos, sopas mais líquidas não são recomendadas, pois pratos quentes e “molhados” podem piorar o enjoo.
Se a pessoa apresentar diarreia, é de grande importância fazer uma reposição hídrica adequada. Então, beber muita água, suco e água de coco. “Também recomendamos evitar alimentos muito fibrosos, como arroz integral, feijões, leite e derivados”, a especialista pontua.
Ela ressalta que, em todas as situações mencionadas, ”o principal é evitar passar longos períodos em jejum, para que não tenha uma perda de funcionalidade muito grande e para que o paciente se sinta bem. Então se possível comer a cada três horas”, Isabelle diz.
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Alimentos para ajudar na anemia
De acordo com a nutricionista, a anemia, em pessoas com mielofibrose, pode se intensificar quando a alimentação é muito pró-inflamatória.
O primeiro passo envolve adotar uma dieta mais saudável, com menos alimentos processados ou ultraprocessados. Esse ajuste contribui para reduzir a inflamação e, consequentemente, auxiliar no controle da anemia. Além disso, uma alimentação rica e balanceada também proporciona a ingestão de nutrientes essenciais para ajudar a combater a anemia, tais como ferro, vitamina C, vitamina A, vitamina E, zinco, selênio e magnésio.
“É importante avaliar junto com o nutricionista se o consumo de todos esses nutrientes é suficiente. Se, por acaso, for observado na alimentação ou no exame algum grau de deficiência nutricional, é importante que a gente faça uma correção. Mas, sempre lembrando e reforçando que a auto suplementação não é indicada para o paciente de mielofibrose. Essa avaliação será feita pelo profissional que acompanha aquela pessoa”, Isabelle Novelli finaliza.
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