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Cuidando do cuidador

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Última atualização em 5 de outubro de 2021

Com orientação e apoio, familiares e amigos podem fazer do tratamento uma experiência menos desgastante para todos

Uma doença não afeta apenas o paciente, mas muda a vida de todos que acompanham no dia a dia. Geralmente, essas pessoas acabam abraçando a função de cuidador, sofrendo mudanças em sua rotina e abalos psicológicos por conta da complexidade da situação.

Para ser um bom cuidador, seja formal (profissional contratado) ou informal (voluntário), é preciso reconhecer o tênue limite entre dedicação ao paciente e dedicação a si mesmo. É preciso que o cuidador esteja informado, orientado e se sinta apoiado. Caso contrário, o estresse toma conta e acaba prejudicando o tratamento.

Como geralmente é um familiar que centraliza a assistência em casa, é ele quem acaba indo atrás de informação e orientação sobre a doença. Conversar com os médicos e enfermeiros para saber o que pode ser feito é obrigatório.

“Deve haver um diálogo entre cuidador, paciente e médico”, explica Marília Othero, coordenadora do Comitê de Terapia Ocupacional da Abrale.

Mesmo com a melhor das intenções, o cuidador não deve esconder informações, já que é uma referência para o paciente. Todo e qualquer questionamento cotidiano deve ser compartilhado com a equipe de saúde. A dica é anotar as perguntas para esclarecê-las na hora da consulta.

Outra etapa importante: procurar orientação sobre o trato diário de maneira a colaborar com o tratamento. É básico estimular a independência do paciente. “Na nossa cultura, cuidar de alguém é ficar grudado na pessoa, mas não deve ser assim”, explica Marília.

Espaço e atividades próprias

Também é importante que o cuidador tenha seu espaço e mantenha suas atividades significativas. Sejam elas exercícios físicos, práticas artísticas ou até eventos sociais. Iniciativas como essas ajudam a aliviar a tensão da rotina, tornando o cuidador menos agressivo e irritadiço.

“Um pouco de sobrecarga é normal. Mas não deve ser excessiva a ponto de desenvolver a chamada Síndrome de Burnout”, explica Marília Othero. O termo, que em inglês significa combustão completa, é utilizado para identificar um estado de exaustão prolongada, apatia e desinteresse. Resultado do excesso de esforço e dedicação ao outro.

Caso se chegue a tal nível de estresse, não é só a relação entre paciente e cuidador que é afetada, mas também os laços de família. A doença potencializa os conflitos e a relação entre os membros da família. Um mau marido, quando precisa ser cuidado pela mulher, pode ser uma má cuidadora. Há muitos casais que se separam após o tratamento.

Como a atividade de um cuidador é complexa e extenuante. Ele também precisa ser acompanhado por profissionais como psicólogos e terapeutas.

Auxílio profissional

Apesar de, na maior parte dos casos, a assistência domiciliar ser prestada por parentes e amigos, às vezes é preciso recorrer a um profissional. Seja pela falta de tempo, seja pelo grau de dependência do paciente.

A atividade de “cuidadores de crianças, jovens, adultos e idosos” é oficialmente reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Emprego. Segundo a descrição, são aqueles que cuidam dos outros “zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. Esses profissionais podem trabalhar em domicílios ou em instituições, sempre supervisionados. São autônomos ou assalariados e trabalham em horários variados, de acordo com as necessidades da pessoa cuidada e dos familiares.

Para se tornar um cuidador formal, de acordo com a CBO, é preciso ter dois anos de experiência ou participar de cursos e treinamentos básicos de formação. Não é preciso ser necessariamente um técnico ou auxiliar de enfermagem. Mas, de acordo com a norma, em casos de atendimento a pessoas com elevado grau de dependência, exige-se formação nessa área da saúde.

Embora possuam experiência e preparo para acompanhar pessoas doentes, os cuidadores profissionais e demais profissionais de saúde devem incentivar a independência do paciente, buscar apoio e não deixar de lado suas atividades sociais.

“Estimulamos que o profissional tenha uma carga de trabalho compatível. Muitas vezes ele acompanha de quatro a cinco pacientes, e, na Oncologia, isso é muito desgastante”, explica Ana Cláudia dos Santos. Assim como os familiares, os profissionais da saúde também devem dividir a função com outros membros da equipe. “É impossível dar conta de tudo sozinho”, completa.


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[…] Fontes: G1 Abrale […]

Além disso, é importante saber o quem faz um cuidador DE idosos e o motivo de precisarem realmente de cuidados, estes guerreiros do bem

https://www.canaldoidoso.com.br/o-que-faz-um-cuidador-de-idosos-saiba-tudo-sobre-a-profissao/

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