Quando a dor nas costas pode ser câncer?
Última atualização em 2 de maio de 2023
Procurar um médico e realizar exames é a única forma de saber exatamente o que está acontecendo. Mas há alguns sinais que podem ajudar a suspeitar
Apesar desse ser um sintoma muito comum e, geralmente, estar relacionado a condições benignas, é preciso ficar atento, pois a dor nas costas pode ser câncer. Somente pelas características da dor em si não é possível diferenciar o que está acontecendo, mas exames simples, como o raio-x, podem ajudar a fechar o diagnóstico. Dentre as doenças que podem causar essa manifestação está o mieloma múltiplo, uma neoplasia maligna que atinge, principalmente, pessoas com mais de 50 anos.
De acordo com um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% da população já sentiu ou sentirá dor nas costas e há diversos motivos que podem levar ao aparecimento desse sintoma. As principais causas são: má postura; sobrecarga dos músculos da região; obesidade; tensões musculares e idade – quanto mais velha uma pessoa for, mais chance ela tem de sentir dor nas costas, por conta do desgaste das articulações.
Porém, isso não quer dizer que os jovens estão livres desse quadro. Especialistas relatam que indivíduos mais novos estão, cada vez mais, apresentando esse tipo de dor, por conta do sedentarismo, uso do celular e muito uso de jogos de videogame.
Ou seja, a dor nas costas pode aparecer de várias formas, em diversas idades e por diferentes motivos. Por isso, é preciso ficar atento para saber quando ela pode ser perigosa e, independente da causa, tratá-la.
Quando a dor nas costas pode ser preocupante?
O Dr. Daniel Tabak, hematologista e oncologista da Dasa Oncologia, alerta que a dor se torna preocupante quando ela persiste ou então passa a ter características que não tinha antes. Por exemplo, antes a dor aparecia após uma atividade física e era passageira e, depois, ela passa a se manifestar sem motivos aparentes e se torna contínua.
“A dor na região lombar é mais comum em pessoas mais idosas e elas estão associadas a problemas osteoarticulares, que são comuns no processo de desgaste pela idade”, o Dr. Tabak fala.
Para descobrir exatamente o que está causando este sintoma, é preciso fazer alguns exames de imagem, como raio-x, tomografia ou ressonância de coluna.
“Frequentemente, o primeiro exame, quando o paciente é avaliado por um ortopedista, é um raio-x simples da coluna”, o oncologista relata.
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Dor nas costas pode ser câncer?
Alguns tipos de câncer podem sim causar esse sintoma. Os principais são: mieloma múltiplo (MM), tumor de pâncreas, câncer de rim metastático, câncer de pulmão e tumor de mama metastático.
A dor nas costas devido à presença de um câncer não possui características específicas que permitam diferenciar quando ela está relacionada a uma condição benigna ou maligna. Mas o Dr. Tabak relata que há alguns pontos que podem ajudar a suspeitar. Por exemplo, a dor na coluna por conta do mieloma múltiplo, um tipo de câncer hematológico, costuma ser contínua e persistente, mas se intensifica com a realização de movimentos e pode ficar mais forte no período da noite.
“A grande preocupação é quando essa dor está associada a sintomas neurológicos, como uma dor ciática com irradiação para membros inferiores. Isso pode significar que houve expansão de tecido ósseo ou formação de massas paravertebrais ou próximas da coluna, que indicam a compressão do tecido neurológico. Isso causa uma preocupação adicional, pois as lesões podem ser mais graves”, ele explica.
Após a realização dos exames de imagem, o médico irá avaliar se há lesão e quais as características dela.
No caso das lesões relacionadas ao MM, há a presença de lesões líticas, ou seja, lesão com perda óssea, circular e sem o chamado halo de esclerose (espessamento da lesão). Quando há a presença desse halo de esclerose, pode ser que a lesão esteja relacionada a uma metástase de câncer de pulmão ou de mama.
“Na osteoartrose existem os chamados osteófitos ou crescimento quase pontiagudo, aquilo conhecido como bico de papagaio. Então, nos indivíduos que têm osteoporose, podemos identificar as lesões bem caracterizadas no exame de raio-x simples. Mas as lesões líticas e sem halo de esclerose são características do MM”, o médico descreve.
Dor nas costas do mieloma múltiplo
Tanto a dor nas costas, quanto a dor na região dorsal, lombar e/ou sacroilíaca (articulação que faz a conexão entre a base da coluna vertebral com os ossos da bacia) podem ser sintomas de mieloma múltiplo. Sendo que esse pode ser o primeiro sinal da doença a se manifestar e é o principal motivo pelo qual os pacientes tendem a buscar um médico ortopedista para fazer uma avaliação.
Vale pontuar que a especialidade médica responsável por cuidar desse tipo de câncer é a Hematologia. Então, caso a pessoa procure um ortopedista e haja suspeita de mieloma, é preciso se consultar com um hematologista.
O Dr. Tabak informa que o MM pode causar dor pois a doença faz com que ocorra a produção de uma série de substâncias que promovem o desgaste e a reabsorção óssea.
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Tratamento
Com o início do tratamento para o mieloma múltiplo, a tendência é que a dor também diminua. Pode ser utilizada a quimioterapia, imunoterapia e/ou imunomoduladores. Também há algumas estratégias específicas para o controle da dor em si, como a realização da radioterapia ou o uso de medicamentos.
“Não podemos esquecer que a radioterapia é um tratamento específico altamente eficaz para o controle da dor e também devem ser utilizadas outras medicações auxiliares para o controle específico desse sintoma”, o especialista fala. Porém, ele ressalta que os anti-inflamatórios não hormonais devem ser evitados, pois aumentam o risco do paciente desenvolver insuficiência renal.
“Analgésicos, derivados de opiáceos, podem ser utilizados e devem ser conduzidos quando a dor é resistente. Quando a dor na região lombar ou dorsal é muito importante, podemos fazer uso de bloqueios intercostais ou bloqueios paravertebrais por meio de corticosteróides ou anestésicos”, complementa.
É importante saber que caso a dor não diminua após o início da terapia oncológica ou caso ela retorne, não quer dizer que houve uma piora do quadro ou que o tratamento contra o câncer não está fazendo efeito.
Nesses casos, é preciso fazer uma avaliação e, caso seja verificado que essa dor significa que o paciente tem um maior risco de ter uma lesão óssea, podem ser realizadas outras estratégias, como a cirurgia oncológica.
Independente do motivo, é preciso fazer o controle da dor “para garantir uma melhor qualidade de vida desses pacientes, principalmente para que as medicações mais específicas possam atuar de forma mais adequada”, pontua o Dr. Daniel Tabak.
