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Existe uma vacina contra o câncer?

vacina contra o câncer
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Imunizantes em desenvolvimento visam ativar o sistema imune de forma intensa contra as células cancerígenas

Escrito por: Juliana Matias

Uma vacina universal contra o câncer mostrou bons resultados, segundo um estudo publicado na Nature Biomedical Engineering. Essa não é a primeira vacina contra tumores a ser desenvolvida. Mas como funciona a vacina contra o câncer?

Pesquisadores do Instituto de Física da USP de São Carlos mapearam estudos sobre nanovacinas contra o câncer e podem trazer um panorama de como funcionaria estes imunizantes.

Como funcionaria uma vacina contra o câncer?

Gabriel Zaccariotto, pesquisador no Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia da USP, explica que, nessas vacinas, o RNA mensageiro chega de forma eficiente nas células do organismo e, em seguida, elas começam a produzir antígenos. Os antígenos são substâncias estranhas ao corpo que podem desencadear uma resposta do sistema imunológico.

Quando esse sistema entra em contato com os antígenos, as células de defesa são ativadas, segundo o pesquisador. “No caso do câncer, o mRNA codifica antígenos característicos das células tumorais”, conta.

Assim, a resposta imune se adapta para reconhecer e eliminar as células que têm as características do antígeno, como as do câncer. Esse mecanismo já é utilizado no tratamento de outras doenças, como nas vacinas contra a Covid-19.

Por que o corpo não consegue eliminar o câncer sozinho?

Valtencir Zucolotto, coordenador do GNano e orientador da pesquisa, contextualiza que o corpo humano possui proteínas que têm a função de proteger células saudáveis da atividade excessiva do sistema imunológico. O problema, porém, é que “em muitas células cancerígenas essa proteína está super expressa como uma estratégia adaptativa para inibir a ativação dos linfócitos T e, assim, escapar do ataque do sistema imunológico”, diz.

Assim, mesmo a vacina costuma ser associada com outros medicamentos que impedem que a proteína que “protege as células” se liguem às células cancerígenas. Essa imunoterapia potencializa “a ativação de células imunes e fortalece a resposta antitumoral”, explica o pesquisador. 

A vacina irá prevenir o câncer?

Zucolotto informa que, nos estudos analisados, existem dois tipos de vacina contra o câncer em desenvolvimento: as preventivas e as terapêuticas.

Porém, o coordenador explica que “a maioria dos estudos atuais se concentram nas vacinas terapêuticas, que têm como objetivo induzir uma resposta imune antitumoral em pacientes já diagnosticados, sendo utilizadas como parte do tratamento”.

Segundo os pesquisadores, algumas das vacinas preventivas em desenvolvimento visam, principalmente, pessoas com predisposição genética ou que apresentem fatores de risco para determinados tumores. “Um exemplo são os ensaios clínicos em andamento com vacinas contra o câncer colorretal em pessoas com síndrome de Lynch, condição associada a maior risco para esse tipo de tumor”, comenta Zucolotto.

A vacina pode causar efeitos colaterais?

Segundo os pesquisadores, os efeitos adversos observados nas pesquisas sobre vacinas contra o câncer são os mesmos já conhecidos para outras vacinas: febre, calafrios, fadiga, tontura, náusea, dores musculares e, em alguns casos, alterações na pressão arterial. Porém, normalmente, eles são leves e controlados com medicamentos usuais.


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