Alergia à quimioterapia? Entenda o que é e o que fazer se isso acontecer com você

Se não tratada, a alergia à quimioterapia pode ser perigosa, por isso é importante diagnosticá-la
Durante uma sessão de quimioterapia, alguns pacientes podem ter vermelhidões na pele, calafrios e febres e pensar que esse é um efeito comum do tratamento. Mas, esses sintomas, na verdade, podem ser uma reação alérgica aos quimioterápicos. Se não tratadas, essas alergias podem ser perigosas, por isso, é importante entender o que é a alergia à quimioterapia e o que fazer nesses casos.
É possível prevenir a alergia à quimioterapia?
Segundo Marisa Rosimeire Ribeiro, coordenadora do departamento científico de anafilaxia e diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 5% dos pacientes podem ter reações alérgicas aos medicamentos quimioterápicos. Porém, é possível que a alergia aos remédios seja mais frequente, “já que as reações leves geralmente não são notificadas”, conta.
A especialista ressalta que não é possível prever quem terá uma reação alérgica —qualquer pessoa pode desenvolver a hipersensibilidade a alguns medicamentos. Também não é possível evitar que uma pessoa tenha alergia aos quimioterápicos.
Porém, é factível diminuir a intensidade da alergia, caso a pessoa tenha. Para isso, Ribeiro indica controlar doenças alérgicas de base, como, por exemplo, a asma, e entender se a pessoa já teve anteriormente reação alérgica a outros medicamentos.
Como saber se tenho alergia à quimioterapia?
Segundo a especialista, os principais sintomas alérgicos são: vermelhidão ou coceira, que podem progredir para placas de urticária e inchaços; sintomas respiratórios, gastrointestinais, calafrios, febre, dor nas costas e no peito. “Em casos mais graves, podem ocorrer também queda de pressão, perda de consciência e até morte”, explica.
Para confirmar a alergia, pode ser feita uma investigação com testes na pele.
Quais medicamentos podem causar alergia?
Ribeiro lembra que qualquer um dos quimioterápicos podem causar alergia, “mas compostos de platina, taxanos, L-asparaginase e epipodofilotoxinas estão mais envolvidos nesses casos, enquanto reações por outros agentes são menos comuns”.
O que fazer se eu tiver uma reação alérgica?
A especialista recomenda que, caso a pessoa tenha alergia à quimioterapia no momento da infusão, a medicação seja suspensa e a reação alérgica seja tratada imediatamente. A partir disso, é preciso entender o tipo de reação, quais são as doenças da pessoa e realizar testes com os medicamentos envolvidos.
Quando a reação alérgica é leve, Ribeiro afirma que é possível tomar, antes da sessão de quimioterapia, medicamentos que evitem os sintomas. “No caso de reações graves, é necessário avaliar os riscos e benefícios e, caso não haja outra alternativa, é indicada a dessensibilização”, informa.
A dessensibilização acontece quando uma pessoa recebe, em ambiente hospitalar, doses crescentes do medicamento que causa a alergia até que consiga tolerar, temporariamente, a dose necessária para o tratamento do câncer.
Quais são as consequências de uma reação alérgica?
Ribeiro destaca que, nos casos mais graves, a alergia à quimioterapia pode até mesmo levar à morte, “por isso é necessário vigilância e tratamento imediato das reações. Também é importante que todas as reações sejam notificadas por escrito e que haja avaliação do especialista em Alergia e Imunologia”.