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Saiba como funciona o transplante de medula óssea para tratar mieloma múltiplo

Etapas do transplante de medula ossea
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Com este tratamento, é possível transferir as células do paciente para ele mesmo

Escrito por: Juliana Matias

Um dos tratamentos para mieloma múltiplo é o transplante de medula óssea. Para esse câncer, é possível realizar a transfusão das células-tronco de um paciente para ele mesmo, o chamado transplante autólogo. Mas caso a doença retorne é possível realizar um novo transplante para si mesmo? Saiba como funciona o transplante autólogo e como utilizá-lo em casos de recidiva.

O que é o mieloma múltiplo?

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer do sangue que atinge os glóbulos brancos, responsáveis pelo sistema de defesa do corpo. Após uma mutação genética, um dos tipos de glóbulos brancos, os linfócitos, passam a se multiplicar de maneira anormal e a atrapalhar as funções das células sanguíneas saudáveis.

Essas células cancerígenas podem se acumular dentro do osso, fora dele ou em ambos os locais, que é o que acontece no mieloma múltiplo. Isso danifica também a estrutura óssea.

Esse câncer pode ser assintomático ou a pessoa pode ter sintomas como: cansaço extremo, sede exagerada, perda de apetite, dores na coluna, fraturas espontâneas, entre outros sinais. Apesar de poder ser assintomático, o mieloma múltiplo já pode ser identificado por meio de um hemograma, um exame de sangue simples.

O tratamento desse câncer pode ser feito com quimioterápicos, que destroem, controlam e inibem o crescimento das células cancerígenas; com inibidores do proteassoma, que atacam mais as células doentes do que as saudáveis; e com anticorpos, que atacam bactérias e vírus, prevenindo infecções enquanto o sistema imunológico do paciente está fragilizado pelas demais terapias.

Transplante de medula óssea

O transplante de medula óssea (TMO) também é uma opção para o tratamento de mieloma múltiplo. Fernanda Lemos, médica hematologista do HCOR e membro do GBRAM (Grupo Brasileiro de Mieloma) e do IMS (International Myeloma Society), explica que o “TMO no mieloma múltiplo é o padrão ouro de tratamento, a melhor escolha para pacientes com a indicação de tratamento”.

A hematologista lembra que o transplante não é indicado para pessoas com mais de 70 anos e para pacientes que têm comorbidades, como insuficiência cardíaca e pneumopatia moderada ou grave. “Essas situações podem ser agravadas com o TMO, aumentando o risco de mortalidade do paciente”, informa.

No mieloma múltiplo é possível fazer um transplante autólogo, que transplanta as células do paciente para ele mesmo. Segundo a hematologista, as células-tronco hematopoiéticas, que são aquelas responsáveis pela produção das células sanguíneas, são coletadas e armazenadas. Após um intenso tratamento de quimioterapia, as células são reinfundidas no paciente. 

“O papel da medula óssea reinfundida é minimizar a toxicidade da quimioterapia, reduzindo os riscos de infecções”, conta Lemos.

O transplante autólogo não interfere na qualidade de vida do paciente, conforme a hematologista, e as toxicidades são temporárias e reversíveis. Porém, ela ressalta que “o TMO autólogo no mieloma múltiplo não tem potencial curativo e sim o papel de aumentar o tempo em que a pessoa ficará sem evidências de doença”.

Isso significa que um paciente pode ter uma recidiva do mieloma múltiplo mesmo após ser transplantado.

Transplante autólogo em caso de recidiva

Os pacientes que já fizeram um transplante autólogo para mieloma e tiveram um recidiva da doença podem realizar um novo transplante, segundo Lemos. “Mas há variáveis que devem ser avaliadas para esta situação, como: a idade atual do paciente, o benefício que ele teve com o primeiro transplante, quais os tratamentos já utilizados e o acesso aos novos tratamentos”, destaca.

No Brasil, a Anvisa aprovou uma terapia de CAR-T Cell para casos recidivos de mieloma múltiplo. Nesse tratamento, as células de defesa do tipo T são coletadas e enviadas para laboratório. Lá, elas são geneticamente modificadas e recebem a proteína CAR, que direciona o sistema imunológico para que ele mate as células cancerígenas. Porém, o tratamento tem um alto custo.


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