Terapia-alvo: como funciona e indicação
Última atualização em 12 de julho de 2024
Ela pode ser indicada para diversos tipos de câncer e funciona de diferentes maneiras, por exemplo, bloqueando o crescimento das células cancerígenas ou estimulando o sistema imunológico
A terapia-alvo, ou terapia direcionada, é um tipo de tratamento oncológico que usa características específicas das células do câncer para atacar a doença de forma direta. Ela pode ser indicada para diversos tipos de neoplasia maligna, como mama, pulmão, linfomas e leucemias. Essa estratégia pode trazer uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, já que tende a causar efeitos colaterais menos intensos.
Para que um paciente saiba se ele pode ser beneficiado por esse tratamento, deve passar por alguns exames.
“Os pacientes geralmente passam por testes para detectar certas características genéticas ou proteínas nas células do câncer que podem ser alvos da terapia. Estes testes ajudam os médicos a escolher o tratamento mais eficaz”, explica o Dr. Pedro Moraes, oncologista do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim.
Essas características ou proteínas já foram, previamente, identificadas e estudadas por cientistas e, a partir delas, foram criados medicamentos para combatê-las e impedir o crescimento do câncer.
“A terapia-alvo pode melhorar significativamente a qualidade de vida ao reduzir os efeitos colaterais e permitir tratamentos mais personalizados e eficazes, ajudando os pacientes a se sentirem melhor durante o tratamento”, comenta o médico.
Como a terapia-alvo funciona
Como informado anteriormente, a terapia-alvo funciona encontrando e atingindo determinadas características das células doentes. De acordo com a American Cancer Society (ACS), esses alvos podem ser:
- Uma determinada proteína que está em excesso
- Presença de certa proteína em uma célula doente que não está nas células saudáveis
- Uma proteína que sofre mutação (alterada) de alguma forma ou
- Alterações genéticas (DNA) que não estão em células saudáveis
Por meio desses alvos, os medicamentos podem atacar o câncer por meio de diferentes métodos. Também de acordo com a ACS, os principais são:
- Bloqueio ou desligamento dos sinais químicos que estimulam o crescimento do câncer
- Alteração das proteínas dentro das células doentes, para que elas entrem em apoptose (morte celular)
- Bloqueio da formação de novos vasos sanguíneos, restringindo a “alimentação” das células sanguíneas
- Acionamento do sistema imunológico para matar as células do câncer e
- Ataque direto às células do câncer, ao levar toxinas para matá-las e poupando as células saudáveis
O Dr. Moraes conta que a forma de administração dos medicamentos pode variar, já que eles podem ser tomados via oral (em cápsula ou líquidos) em casa ou por infusão intravenosa no ambulatório.
“Alguns pacientes recebem terapia-alvo sozinha, enquanto outros podem precisar dela combinada com outros tratamentos”, ele complementa.
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Quando a terapia-alvo é indicada?
O primeiro passo para saber se esse tratamento pode ser usado é identificar se a doença do paciente possui características genéticas ou proteínas que possam ser alvos da terapia.
De acordo com o especialista, a terapia-alvo pode ser indicada para vários tipos de câncer, dentre eles os de mama, pulmão, pele, leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. Sendo que o tratamento é “particularmente eficaz nos cânceres do sangue, em que pode haver alvos moleculares bem definidos”, ele complementa.
O Dr. Moraes ainda explica que essa opção terapêutica não pode ser usada para todos os tipos de tumores porque nem todos possuem alvos claros que possam ser combatidos pelos medicamentos. Além disso, também pode acontecer da doença, com o tempo, desenvolver resistência ao tratamento e, com isso, ele deixa de ser tão eficaz.
Qual a diferença entre quimioterapia e terapia-alvo?
A quimioterapia é um tratamento que afeta todas as células do corpo que se multiplicam rapidamente. Por isso, ela acaba atingindo não só as células doentes, mas também as saudáveis e, assim, tende a ser mais tóxica. Já a terapia-alvo atua somente em características específicas e exclusivas do câncer, como explicado anteriormente.
Um ponto importante na distinção desses tratamentos é que a terapia-alvo, geralmente, funciona impedindo que as células cancerosas se multipliquem. Já a quimioterapia tradicional mata as células doentes que já foram produzidas.
Qual a diferença entre terapia-alvo e imunoterapia?
Apesar de ambas terem o objetivo de eliminar o câncer de forma mais precisa, elas agem de maneiras distintas e oferecem diferentes benefícios. A imunoterapia age estimulando o sistema imunológico para que ele fique mais “forte” ou “inteligente” e, assim, ataque as células doentes. Enquanto que a terapia-alvo age diretamente nas células do câncer, por meio das suas características genéticas ou proteínas.
Outra diferença importante é que, devido ao fato da terapia-alvo ser muito direcionada, os tipos de câncer que podem ser tratados com ela são mais restritos. Já a imunoterapia tem um uso mais amplo.
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Quais os efeitos colaterais da terapia-alvo?
Justamente por conta dos medicamentos agirem em características específicas, a tendência é que os efeitos colaterais da terapia-alvo sejam diferentes e menos intensos em comparação com opções mais tradicionais.
O Dr. Moraes descreve que as reações adversas mais comuns são “cansaço, problemas de pele e alterações na pressão sanguínea”. Segundo a American Cancer Society também podem ocorrer:
- Problemas de sangramento ou coagulação sanguínea (principalmente nos medicamentos que agem em vasos sanguíneos)
- Cicatrização lenta de feridas
- Alterações no funcionamento do coração (especialmente se a terapia-alvo for associada à quimioterapia) e
- Inchaço no rosto, pés, pernas ou mãos.
Além disso, em relação aos problemas de pele, a ACS destaca que há possibilidade de aparecer erupções cutâneas ou alterações, que podem incluir sensação física, sensibilidade à luz, ressecamento, cor da pele e/ou do cabelo e mudança no crescimento do cabelo.
É importante lembrar que esses sinais e sintomas podem ser amenizados e/ou gerenciados com medicamentos e outras terapias. Por isso, é sempre importante informar ao médico responsável sobre qualquer sensação anormal.