Quando usar radioterapia para leucemia
Última atualização em 1 de março de 2023
Apesar dessa terapia ser um dos pilares do tratamento oncológico, seu uso é bastante restrito para esses pacientes
Utilizar a radioterapia para leucemia não é uma prática comum, mas ela pode ser administrada em algumas situações, que variam de acordo com o subtipo da doença. Normalmente, quando esse tratamento é realizado, tem o objetivo de evitar uma disseminação do câncer para o sistema nervoso central e para o alívio da dor. A intensidade e quantidade de sessões dependem do objetivo da terapia e das condições de saúde da pessoa.
A radioterapia é um procedimento terapêutico no qual são utilizadas radiações ionizantes para destruir as células doentes ou impedir que elas aumentem. Ela pode ser administrada junto com outras terapias, como a quimioterapia, ou sozinha e pode ter o objetivo curativo ou paliativo.
O Dr. Douglas Guedes de Castro, diretor financeiro da Sociedade Brasileira de Radioterapia e especialista em radioterapia para Hematologia, explica que, no caso da radioterapia para o tratamento da leucemia, ela pode ter essas mesmas finalidades.
Como é feita radioterapia na leucemia
De forma geral, esse tratamento pode ser feito para evitar que a leucemia invada o Sistema Nervoso Central (SNC); para tratar quando o câncer já atingiu o SNC – nessas situações, a terapia pode ser paliativa; com a finalidade de aliviar dores nos ossos e como condicionamento para um transplante de medula óssea (TMO), fazendo uma radioterapia corporal total.
O Dr. Castro comenta que os locais mais irradiados são o cérebro e a medula espinhal. Isso acontece porque a quimioterapia tradicional tende a ter “dificuldade” de chegar até esses locais, por conta da barreira hemato-encefálica, e isso aumenta as chances da pessoa ter uma recidiva nessa região. Então, fazer radioterapia no SNC é uma estratégia que ajuda a reduzir a chance disso acontecer.
De acordo com o especialista, a radioterapia paliativa é feita em cinco sessões de 20 Gy ou em 10 sessões de 30 Gy. Mas, quando ela é realizada como condicionamento para o TMO, podem ser realizadas seis sessões de 12 Gy, sendo duas sessões por dia em três dias consecutivos, duas sessões de 4 Gy ou uma única sessão de 2 Gy.
É importante saber que cada Gy representa a quantidade de energia de radiação ionizante absorvida, também pode ser chamada de dosagem.
Radioterapia para leucemias agudas
Tanto no caso da leucemia mielode aguda (LMA), quanto da leucemia linfoide aguda (LLA), ela pode ser usada nestes casos:
- Evitar ou tratar infiltração no cérebro e no fluido espinhal
- Quando a leucemia se espalha para os testículos
- Condicionamento para TMO
- Caso a leucemia esteja pressionando a traqueia e causando problemas respiratórios e
- Manejo da dor óssea, caso uma área do osso tenha sido invadida pelas células doentes.
Porém, mesmo nesses casos, a American Cancer Society recomenda que seja avaliado se a radioterapia realmente é a melhor opção, já que a quimioterapia tende a ser mais eficaz, obtendo os mesmos resultados e podendo ser mais rápida.
O Dr. Castro exemplifica que, quando há infiltração do SNC, existe a opção de utilizar a irradiação, mas também é possível administrar a quimioterapia intratecal.
“Nos casos de envolvimento difuso do SNC, a quimioterapia intratecal é preferível pela abrangência e menor toxicidade do neuro-eixo (cérebro e medula). A radioterapia é preferível como abordagem focal em situações de urgência, por exemplo, quando há compressão de medula espinhal ou de nervos cranianos, pela radiossensibilidade dos linfócitos e agilidade operacional”, esclarece.
Radioterapia para leucemias crônicas
Além disso, essa terapia também pode ser usada com a intenção de:
- Tratar os sintomas causados pelo inchaço de órgãos internos, como o baço aumentado
- Tratar a dor causada por lesões geradas pelas células leucêmicas que crescem na medula óssea e
- Para condicionamento antes de um transplante de medula óssea, mas em doses baixas.
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Efeitos colaterais da radioterapia
As reações adversas dependem muito do local do corpo que foi irradiado e da intensidade utilizada. Mas, os mais comuns são:
- Fadiga
- Alterações na pele, como vermelhidão e descamação
- Mucosite (irritação da mucosa da boca e garganta) e
- Náuseas, vômitos e/ou diarreia.