Quimioterapia intratecal: o que é e quando usar
Última atualização em 12 de janeiro de 2023
Esse tipo de terapia é muito utilizada para tratar crianças e adolescentes com doenças oncológicas. Mas também pode ser administrada em adultos em alguns casos
A quimioterapia intratecal é um tratamento que pode ser utilizado para combater cânceres que atingem o sistema nervoso central (SNC) ou então para prevenir que doenças oncológicas infiltrem essa área. Ela é administrada, principalmente, para neoplasias como a leucemia, linfoma, melanoma e o câncer de mama, e é muito comum que ela seja incluída na terapia infantil.
O termo “intratecal” está ligado ao local no corpo no qual esse tratamento é administrado, explica o Dr. Ferdinando César Ribeiro, hematologista e membro do corpo clínico do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH).
“Os medicamentos quimioterápicos são administrados diretamente no líquor. O líquor é um líquido que envolve todo o nosso sistema nervoso central, ele banha todo o cérebro e a nossa medula espinhal”, o Dr. Ribeiro esclarece.
De acordo com o hematologista, os medicamentos utilizados nesse tipo de quimioterapia são, geralmente, similares aos administrados na quimioterapia intravenosa. Por exemplo, a citarabina e o metotrexato.
Como as drogas são semelhantes, não é possível considerar que a quimio intratecal seja mais forte que a venosa. A grande diferença é justamente que essa quimioterapia consegue chegar até o SNC por conta do local no qual ela é injetada.
“Os remédios feitos pela veia nem sempre atingem concentrações significativas no cérebro, porque existe o que a gente chama de barreira hematoencefálica. Essa barreira protege o cérebro para não deixar que certas toxinas e medicamentos atinjam níveis altos no SNC. Isso, por um lado, é uma proteção, mas por outro pode ser um problema, porque impede que a quimioterapia via venosa chegue ao sistema nervoso central na concentração necessária”, o Dr. Ribeiro fala.
Quando é indicada
Primeiro, é importante entender que essa terapia pode ser utilizada com dois objetivos diferentes no tratamento do câncer. O primeiro é para prevenir uma infiltração no SNC, já o segundo, é para tratar um tumor que já está no cérebro ou na meninge.
Há algumas doenças oncológicas que têm uma maior predisposição de infiltrar o SNC. As principais são: leucemia linfoide aguda (LLA); linfoma de Burkitt; alguns linfomas não-Hodgkin agressivos, melanoma e câncer de mama.
Nesses casos, como ainda não aconteceu a infiltração do SNC, mas há o risco disso ocorrer, a quimioterapia intratecal é feita como uma forma de prevenção.
Quando olhamos para o cenário do câncer infantil, a LLA é o câncer mais comum nessa faixa etária. Além disso, o mais comum é que o linfoma de Burkitt apareça em crianças e adolescentes, não em adultos. Por isso, o tratamento desses pacientes costuma incluir a quimioterapia intratecal.
“O caso mais clássico é na LLA. O paciente, mesmo não tendo nenhum sinal de envolvimento no SNC, recebe esse tratamento”, o Dr. Ribeiro exemplifica.
Por outro lado, quando o tumor da pessoa já atingiu o SNC, é preciso fazer esse tipo de quimioterapia para combater as células doentes que já estão lá. Aqui, a quantidade de sessões e o intervalo entre elas tendem a ser diferentes em comparação com o protocolo de prevenção.
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Como é feita a quimioterapia intratecal
Como explicado pelo médico, o medicamento é administrado diretamente no líquor. Para tal, é feita uma punção lombar entre as vértebras, que é o espaço onde o líquor se encontra, chamado de espaço subaracnóideo.
“A intratecal é importante, porque você pega a medicação e administra diretamente no espaço subaracnóideo. O quimioterápico vai misturar com o líquor e atingir os tecidos do SNC”, o especialista complementa.
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Efeitos colaterais da quimioterapia intratecal
As reações podem ser por conta do local onde a punção é feita, como: dor e pequenos hematomas na região e dor de cabeça. Ou então, por conta das medicações utilizadas.
As principais reações são: náusea e astenia (perda ou diminuição da força física).
Um efeito raro, mas que pode acontecer é a neurotoxicidade, “mas, felizmente, é muito raro”, o Dr. Ferdinando César Ribeiro informa.