Linfócitos T contra o câncer
Última atualização em 28 de julho de 2021
Cientistas identificaram que esse componente do sistema imunológico pode ter função antitumoral. Os resultados são promissores
O que são linfócitos T?
Componentes do sistema imunológico, as células T se dividem em diferentes subtipos e, cada um, exerce uma função única. Sua origem acontece a partir das células-tronco, localizadas na medula óssea. Segundo estimativas, os linfócitos T representam de 65% a 75% dos linfócitos no corpo de uma pessoa.
“Elas ajudam a regular e orquestrar as respostas imunes e podem atuar promovendo (e também evitando) processos de autoimunidade. Mas também têm papel no reconhecimento de patógenos, na eliminação de células tumorais e até no amadurecimento de alguns órgãos durante a formação do indivíduo”, explica Martín Bonamino, doutor em Química Biológica e pesquisador do INCA.
Ele ainda conta que cada um desses subtipos tem uma característica única que é ditada pelo seu TCR (receptor de células T), uma proteína exclusiva de cada célula T.
Dessa forma, é possível classificá-los como células T helper, que auxiliam na função de outras células e na produção de anticorpos; T supressora, regulam processos inflamatórios e T citotóxica, que garantem a morte das células com alterações.
Células T e câncer
Em outras situações, em vez de realizar tarefas benéficas para o corpo, os linfócitos T podem estar relacionados com o aparecimento de um um câncer, como no caso dos linfomas de células T.
“Nesse caso, a célula perde o controle dos processos de proliferação e morte e se torna um tumor. Esse é um risco compartilhado por quase todas as células do corpo. Aqui, a própria célula T é o tumor”, diz Martín.
Há, ainda, situações nas quais os tumores sólidos recrutam esse componente do sistema imune para ajudá-los a crescer.
“Nesse caso, a célula T não representa a célula tumoral, porém participa do desenvolvimento do tumor. Isto pode acontecer porque os linfócitos T, como já mencionado, têm funções distintas, orquestrando diversas formas de processos inflamatórios. Com isso, alguns tipos de inflamações podem promover o desenvolvimento do tumor, enquanto outros tipos podem promover sua eliminação”, o pesquisador esclarece.
Células T para tratamento de câncer
O estudo feito na Universidade de Cardiff, e publicado em janeiro de 2020 na Nature Immunology, identificou que um dos subtipos de linfócitos T, com um TCR específico, é capaz de reconhecer células cancerosas e tem função antitumoral.
De acordo com Martín, o mecanismo não foi demonstrado pelos pesquisadores, porém o mais provável é que essa identificação aconteça por meio de metabólitos presentes nas células tumorais e ausentes em células normais.
“Estas moléculas, que os autores não conseguiram identificar, estariam ligadas a uma proteína chamada MR1, presente em diferentes células, como nos tumores”, ele diz.
Além disso, um outro grande diferencial nesse tratamento oncológico é que esses linfócitos com TCR específico reconhecem diferentes tipos de câncer estabelecidos em pacientes diferentes. Ou seja, além de identificar uma variedade de doenças, o linfócito de uma pessoa poderia agir em outra, mesmo que elas não tenham compatibilidade genética.
“Poderia, assim, funcionar como uma célula T universal contra tumores”, ressalta o pesquisador.
A pesquisa utilizou essa técnica para o tratamento do câncer de pulmão, rim, útero, melanoma e leucemias. Porém, é possível que, no futuro, outros tipos de tumores também possam ser tratados com ela.
Vale ressaltar que os estudos foram feitos em laboratório, com animais. Assim, apesar de ser um resultado promissor, é preciso que sejam realizados mais estudos, especialmente em ensaios clínicos.
“Os resultados gerados em culturas de células e em modelos de animais são muito interessantes. Devemos, no entanto, aguardar dados de testes em humanos para termos certeza do funcionamento dessa terapia. Se os dados forem confirmados em pacientes, o potencial será enorme”, Martín reforça.
Como o tratamento com esse tipo de linfócito T funciona na prática?
As células T são retiradas do paciente, por meio de uma amostra de sangue. Em seguida, elas são modificadas geneticamente e expandidas (em quantidade), em laboratório, e depois reinseridas na pessoa.
“Nesse estudo, os autores foram além. Identificaram o receptor que essas células usam para reconhecer o tumor (TCR), e transferiram o gene que codifica este receptor para outras células T de diferentes indivíduos, dotando-as de capacidade de reconhecer estes vários tipos de tumores”, o especialista em química biológica conta.
CAR-T Cell x terapia com linfócitos T
Em 2019, um novo tratamento passou a ser estudado para pacientes com cânceres hematológicos, a terapia com a CAR-T Cell. O primeiro paciente da América Latina a ser submetido à ela foi Vamberto Luiz de Castro. Ele apresentava ótimas respostas, mas faleceu devido a um acidente em dezembro do mesmo ano.
Desde então, a técnica vem sendo aperfeiçoada para oferecer respostas ainda melhores para os pacientes.
Mas, se já estavam estudando tratamentos oncológicos com a célula CAR-T porque essa terapia com as células T é relevante?
“Embora ambas as terapias utilizem células T, elas são essencialmente diferentes. A terapia com células CAR-T transfere um gene (chamado CAR), que é artificial, criado em laboratório. Já as células T descritas no artigo, ocorrem naturalmente nos indivíduos”, Martín explica.
Na prática, entretanto, dependendo da técnica utilizada elas podem ser bem semelhantes. Isso acontece porque, tanto as células CAR-T como as propostas pelo estudo, podem ser geradas por meio da transferência de um novo gene para as células T.
“Dessa forma, embora as células antitumorais descritas no artigo ocorram naturalmente, elas podem ser geradas também por manipulação genética. Se a transferência gênica for utilizada, as duas terapias podem ser consideradas terapias gênicas antitumorais envolvendo a modificação genética de linfócitos T”, conta Martín Bonamino.
Ou seja, esses linfócitos T estão, naturalmente, no corpo do paciente, isto é, não é preciso criá-los em laboratório. Porém, também é possível transferir o TCR dessas células T para outras células T, ou aumentar a quantidade desses linfócitos por modificação genética. Nesse caso, esse tratamento se assemelha à CAR-T já que as duas seriam consideradas como terapias gênicas.
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Abraços!
Meu sogro fez Quimioterapia para Linfoma não Hodgkin de células T. Teve uma regressão mas Células cancerígenas sobreviveram, e na pausa pós quimio, houve proliferação de linfomas no corpo, Está para iniciar uma nova quimio para recuo da doença ou impedir avanço. Estamos entrando com processo para conseguir o remédio brentuximabe.
Gostaria de saber para o caso do meu sogro seria viável esse tratamento com células T específicas? E como seria feito.
Olá, Marcelo, como vai?
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