Novas medidas de prevenção da COVID-19 para imunossuprimidos
Última atualização em 10 de agosto de 2022
Os casos da COVID-19 estão aumentando no país e proteger essa população é essencial
As principais formas de prevenção da COVID-19 continuam sendo a utilização da máscara de proteção individual, imunização, higienização frequente das mãos e, se possível, evitar lugares fechados e aglomerados. Mas, no caso de pessoas imunossuprimidas, justamente por conta da imunidade estar enfraquecida, há a possibilidade de contar com uma proteção extra. Porém, é importante lembrar que todas essas medidas se complementam, então uma não substitui a outra.
Inicialmente, a indicação era que as pessoas tomassem duas doses da vacina contra a COVID-19. Entretanto, com o tempo, foi surgindo a necessidade de tomar mais doses para reforçar a proteção. Isso não aconteceu porque os imunizantes não funcionam, mas sim pois o coronavírus apresentou diversas mutações e a resposta imunológica das pessoas reduziu ao longo do tempo.
Ou seja, com as duas doses, o corpo consegue desenvolver anticorpos suficientes para combater a infecção. Mas, com o passar dos meses, a quantidade de anticorpos diminui, fazendo com que a proteção “perdesse força”.
No caso de pacientes imunossuprimidos, como é o caso de quem faz alguns tipos de tratamento contra o câncer, essa resposta imunológica inicial pode ser menor e a velocidade na qual ela é perdida é maior. Por isso, as autoridades em Saúde têm indicado que esse público tome mais doses de reforço e com um intervalo menor.
A Drª. Anna Claudia Turdo, infectologista especialista em Moléstias Infecciosas e Parasitárias do A.C.Camargo Cancer Center, diz que, por enquanto, a tendência é que a população precise continuar tomando a vacina da COVID-19 em um intervalo de três a cinco meses.
“Temos várias pesquisas no campo de vacinação, porém, ainda sem promessa de uma vacina mais duradoura. O SARS-COV-2, causador da COVID-19, tem apresentado várias mutações e, com a queda da resposta imunológica, estamos indicando doses extras para melhor controle da doença na população”, esclarece.
A vacina da COVID-19 protege das novas variantes?
Por enquanto, as vacinas desenvolvidas e disponíveis para a população não foram fabricadas para todas as variantes do vírus. Mesmo assim, elas parecem proteger contra as variantes mais recentes, mas não podemos considerá-las como uma universal.
A Drª. Anna explica que, até agora, não há previsão de uma vacina contra todas as variantes. Isso acontece justamente por conta da quantidade de mutações que o vírus sofre. Ela faz uma comparação do sistema de replicação do vírus com o dos seres humanos.
“Quando temos divisão do nosso material genético para formar uma nova célula, nosso organismo tem uma série de mecanismos de reparo para impedir mutações genéticas e a célula sair idêntica à original. O vírus não tem um sistema tão complexo assim, ele mantém a replicação viral ininterruptamente e os erros ocorrem e cada vez que isso acontece pode significar uma mutação importante que dê origem a uma nova variante. ”
Para uma vacina universal, a infectologista comenta que seria preciso achar uma estrutura “fixa”. Isto é, uma parte do vírus que esteja sempre presente, independentemente da variante, e que seja suficiente para criar uma resposta imunológica.
Entretanto, “é esperado que haja uma atualização das vacinas atuais, em relação às novas cepas mais prevalentes”, o Dr. Diego Feriani, infectologista do A.C.Camargo Cancer Center comenta.
Ele também conta que há um estudo, chamado PROTECT-V, analisando diversas substâncias para prevenção. “Estamos aguardando seu resultado”, o médico diz.
Vacina contra a COVID-19: estudo indicaria menor eficácia em pacientes com cânceres hematológicos
A imunização, mesmo que possa gerar respostas inferiores, é altamente recomendada para essas pessoas
Dúvidas frequentes sobre a prevenção da COVID-19
Pode tomar a vacina da COVID-19 gripado?
Caso a pessoa apresente qualquer sintoma respiratório ou de infecção, é preciso fazer o teste para descartar a possibilidade de ser COVID-19.
Se o teste der positivo, a pessoa deve aguardar, no mínimo, 14 dias após não ter mais nenhum sintoma e o teste negativar.
Qual a melhor vacina contra COVID-19?
Todos os imunizantes autorizados e disponíveis no Brasil são seguros e eficazes para a prevenção da COVID-19. Não há um que seja melhor, inclusive para pacientes oncológicos. Antes de se vacinar, é importante que a pessoa em tratamento contra o câncer converse com o seu oncologista. Mas, em geral, não há contraindicações ou uma vacina que seja mais indicada.
Paciente oncológico, continue com a máscara de proteção!
Mesmo não sendo mais obrigatória, essa medida ainda é de extrema importância para essas pessoas
Remédio contra a COVI-19 para pacientes oncológicos
Neste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou para uso emergencial um tratamento profilático para COVID-19 destinado à pessoas imunossuprimidas. Trata-se de um medicamento composto pelos anticorpos monoclonais cilgavimabe + tixagevimabe.
Ele é indicado para pessoas com mais de 12 anos, que não foram expostas recentemente ao coronavírus, isto é, que não estão com infecção, e que tenham comprometimento imunológico de moderado a grave e que possam não apresentar uma resposta imunológica adequada à vacinação contra a COVID-19.
Sendo assim, essa prevenção da COVID-19 pode ser usada por pacientes:
- Em tratamento ativo para tumores sólidos e malignidades hematológicas.
- Em recebimento de transplante de órgão sólido e terapia imunossupressora.
- Em recebimento de receptor de antígeno quimérico (CAR), as chamadas “células CAR-T”, ou transplante de células-tronco hematopoiéticas (dentro de dois anos após o transplante ou ao longo de terapia de imunossupressão).
- Portadores de imunodeficiência primária moderada ou grave (por exemplo, síndrome de DiGeorge e síndrome de Wiskott-Aldrich).
- Portadores de infecção por HIV avançada ou não tratada.
- Em tratamento ativo com corticóides em altas doses, entre outros agentes alquilantes, antimetabólicos, medicamentos imunossupressores relacionados ao transplante ou agentes quimioterápicos do câncer classificados como gravemente imunossupressores, além de medicamentos anti-fator de necrose tumoral e outros agentes biológicos que são imunossupressores ou imunomoduladores.
“Com as vacinas ou a aquisição da doença o corpo humano produz anticorpos para se proteger. Já esse medicamento é composto de uma combinação de anticorpos de ação prolongada, ou seja, fornece os anticorpos já prontos”, a Drª. Anna explica. Entretanto, ela ressalta que ele não é um substituto da vacinação.
Outro ponto importante, é que apesar de alguns pacientes oncológicos não desenvolverem boa resposta imunológica, isso não acontece com todos. Então, é fundamental que cada pessoa converse com o seu médico para entender se entra em alguma das situações nas quais se recomenda o uso desse medicamento.
“Esse anticorpo monoclonal é o único medicamento aprovado no Brasil com comprovação científica de profilaxia pré-exposição”, a Drª. Anna Claudia Turdo alerta.