Chocolate e câncer: está liberado?
Última atualização em 3 de maio de 2023
Na hora de comprar o ovo de Páscoa, o segredo é estar atento ao tipo de chocolate e também não deve-se exagerar na quantidade diária
Chocolate e câncer podem ser grandes aliados, principalmente no caso de idosos e que estão em cuidados paliativos. Além de ajudar no estado nutricional, o alimento também pode trazer conforto e felicidade, sensações muito importantes durante o tratamento oncológico. Porém, é preciso tomar cuidado em relação ao tipo de chocolate e à quantidade consumida diariamente. Isso vale especialmente para a época da Páscoa, quando há tentações para todos os lados.
Para entender se o chocolate é o vilão ou o mocinho na dieta das pessoas em tratamento do câncer, pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (FMRP) desenvolveram um estudo no qual os pacientes precisavam comer chocolate por quatro semanas.
A pesquisa contou com a participação de 46 pessoas idosas, com diferentes tipos de câncer, e que estavam em cuidados paliativos. Elas foram divididas em três grupos:
1º) Quem iria comer 25g diárias de chocolate 55% cacau.
2º) Quem iria comer 25g diárias de chocolate branco.
3º) Pessoas que manteriam sua dieta normal, sem ter o consumo frequente de chocolate.
Os pacientes que comeram o chocolate 55% cacau tiveram uma importante melhora no seu estado nutricional e na sua qualidade de vida. Já aqueles que consumiram o chocolate branco, tiveram a diminuição de uma substância relacionada ao estresse oxidativo, que gera danos nas células.
Benefícios do chocolate para quem tem câncer
Josiane Cheli Vettori, nutricionista PhD, e Nereida Kilza da Costa Lima, geriatra e professora da FMRP, fazem parte da equipe que realizou o estudo e explicam o porquê o chocolate pode gerar essa melhora.
“Os alimentos derivados do cacau possuem um grupo de substâncias bioativas, conhecidas como ‘polifenóis’. Essas substâncias podem interagir com o organismo, proporcionando benefícios para a saúde.”
Além dos efeitos físicos, o chocolate é considerado uma “comfort food”, ou seja, um alimento que traz conforto, bem-estar e prazer, melhora o humor e tem efeito antidepressivo e relaxante.
“Nos cuidados paliativos, a Nutrição deve proporcionar o conforto no aspecto físico, emocional e psicológico, por meio do resgate do prazer, das memórias e do convívio no ato de se alimentar, gerando melhora na autoestima, auto percepção e independência, de forma a permitir um maior contato do paciente consigo mesmo”, as pesquisadoras comentam.
Dessa forma, os estudiosos entenderam que o chocolate pode ser uma estratégia importante para unir o reforço nutricional ao conforto emocional.
Apesar do estudo estar focado em pacientes idosos e que estão em cuidados paliativos, Isabelle Novelli, doutora em Nutrição e Oncologia e membro do Comitê de Nutrição da Abrale, aponta que o cacau pode ser benéfico para todos que estão em tratamento oncológico, desde que ele seja de qualidade e consumido com moderação.
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“Dê preferência a utilizar o cacau em pó ou versões do chocolate acima de 60% de cacau na sua composição; evite o consumo regular de chocolate branco que só contém a manteiga (gordura) do cacau”, Isabelle orienta.
De acordo com a especialista, em geral, não há grandes contraindicações, mas se a pessoa tiver alguma comorbidade, como diabetes, é preciso conversar com uma nutricionista ou o médico sobre a quantidade indicada.
Ela também pontua que o ideal é dar preferência para chocolates mais simples, isto é, sem recheios e com menos ingredientes.
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Isabelle reforça que quanto mais simples o chocolate, melhor! “Então, o paciente deve tentar consumir ovos simples em pequena quantidade. Também deve evitar ovos recheados, com muito creme e, se possível, prefira a versão meio amarga ou amarga.”
Porém, se a pessoa estiver com efeitos colaterais gastrointestinais, como náusea e diarreia, é preciso ter ainda mais moderação ou, até mesmo, não consumir esse alimento.
“Mas um consumo moderado deste alimento, sendo ele com uma boa composição (sem excesso de ingredientes como estabilizantes, corantes, muita gordura) pode e faz parte de uma alimentação saudável. Vamos lembrar que o consumo de chocolate muitas vezes é associado a momentos felizes e prazerosos na nossa vida e, durante o tratamento, o paciente também pode desfrutar disso!”, Isabelle diz.