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A dieta cetogênica não é benéfica para quem tem câncer

Dieta cetogênica para quem tem câncer
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Última atualização em 12 de novembro de 2021

O tratamento oncológico é um momento que exige uma dieta equilibrada, por isso, excluir alimentos não é indicado

A ideia da dieta cetogênica para quem tem câncer seria reduzir a energia das células doentes para fazer com que elas parem de se multiplicar descontroladamente. Entretanto, os estudos realizados até hoje não têm dados suficientes para comprovar que isso realmente acontece. Inclusive, Consensos e Diretrizes nacionais e internacionais de Oncologia alertam que dietas restritivas podem ser muito prejudiciais aos pacientes.

Erika Simone Coelho Carvalho, especialista em Nutrição Oncológica pela Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica (SBNO), explica que a dieta cetogênica tem o objetivo de simular a fome e forçar a gordura a abastecer o organismo. Com isso, pretende-se imitar os efeitos bioquímicos do jejum, mantendo um estado de anabolismo. 

Para que isso possa acontecer, o cardápio da pessoa deve ser rico em gordura, ter uma quantidade adequada de proteínas e pobre em carboidratos. A lista de alimentos permitidos na dieta cetogênica exclui ou limita o consumo de comidas que sejam fontes de vitaminas e minerais. Por exemplo, frutas, verduras, legumes, leite e derivados lácteos.

“Durante o jejum, nosso organismo possui uma reserva de glicose de 24 a 36 horas. Após o consumo dessa glicose, o corpo passa a utilizar a própria gordura como fonte de energia. Uma pessoa em dieta cetogênica tem como fonte de energia principal a gordura externa (alimentos) e a sua própria gordura corporal. A oferta abundante de gordura permite seu uso como fonte primária de energia por maiores períodos de tempo. Quando a gordura é decomposta no corpo, ela produz cetonas, que deu origem ao nome desse tipo de dieta”, Erika descreve.

Dieta cetogênica para quem tem câncer

A dieta cetogênica no tratamento do câncer parte da ideia de que ao reduzir a produção de energia das células cancerosas, elas ficariam mais “fracas” e, portanto, não se multiplicariam. Dessa forma, o tumor não só não conseguiria crescer, mas também poderia reduzir de tamanho.

Pirâmide alimentar da dieta cetogênica com alimentos permitidos

“Não há evidência científica para apoiar os efeitos benéficos dessa alimentação na terapia antitumoral, para tratamento ou redução da progressão da doença. Os estudos que existem hoje possuem amostras pequenas, tornando os resultados inconclusivos”, a especialista afirma.

Ela complementa dizendo que para esclarecer se há ações eficazes e seguras da dieta cetogênica contra o câncer seriam necessários mais estudos clínicos randomizados. Ou seja, avaliar uma quantidade maior de pacientes com o mesmo tipo de doença, sendo que um grupo receberia a dieta e o outro não, e comparar se os resultados do tratamento são diferentes.

Por outro lado, o que já se sabe e foi comprovado cientificamente são os riscos de dietas com muitas restrições alimentares durante o tratamento oncológico.

“Dietas restritivas, como a cetogênica, podem acentuar a perda de peso e de massa muscular, podendo comprometer a tolerância ao tratamento, levando a interrupção da terapia”, alerta Erika. 

Isso acontece pois esse tipo de alimentação não permite o alcance das recomendações diárias do consumo de vitaminas e minerais.

Nesse contexto, a dieta cetogênica parte de um princípio muito semelhante à crença que o açúcar alimenta o câncer, por isso, ao cortá-lo da dieta, a doença morreria por ficar sem energia. Entretanto, a nutricionista ressalta que, de acordo com os Consensos e Diretrizes nacionais e internacionais de Oncologia, não há recomendação para eliminar o açúcar da dieta do paciente oncológico.  

“Lembro, mais uma vez, que dietas restritivas não são recomendadas. A recomendação nutricional é pautada em uma alimentação saudável e equilibrada. Para uma orientação dietética individualizada, com relação ao que consumir de alimentos durante o tratamento contra o câncer, faz-se imprescindível o tratamento com nutricionista especialista em nutrição oncológica”, ela reforça.

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Vale saber quando a dieta cetogênica pode ser usada como tratamento!

Apesar de não haver indicação para o câncer, essa dieta, atualmente, pode ser recomendada para crianças com epilepsia refratária. Mas, mesmo nesses casos, é essencial e obrigatório fazer acompanhamento com um nutricionista. Assim, é possível realizar a suplementação com micronutrientes para prevenir e/ou controlar possíveis deficiências nutricionais.

Nutricionista indicando alimentação saudável

“A dieta cetogênica, recomendada para epilepsia refratária, possui como efeitos adversos a hipoglicemia, desidratação, alterações gastrointestinais, letargia e recusa alimentar (palatabilidade). A longo prazo pode levar à hiperlipidemia (elevação de colesterol e triglicérides), nefrolitíase (cálculo renal), osteoporose, osteopenia, fraturas, atraso no crescimento em crianças e alterações cardíacas”, Erika Simone Coelho Carvalho informa.


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