Saiba quando procurar um psiquiatra!
Última atualização em 7 de março de 2022
Durante o tratamento oncológico, e até mesmo depois que ele termina, contar com o acompanhamento psiquiátrico pode ser fundamental
Quando procurar um psiquiatra, durante o tratamento oncológico, é uma decisão bastante particular, mas, ao mesmo tempo, também é uma responsabilidade da equipe médica da Oncologia. Atualmente, ainda há uma grande resistência das pessoas em procurar essa especialidade devido a algumas crenças (falsas) que foram construídas ao redor desse ramo. Mas, pesquisas mostram que mais de 30% dos indivíduos com câncer, em algum momento, apresentam transtornos psiquiátricos e, não tratá-los de forma adequada, pode interferir nos resultados da terapia antineoplásica.
O que trata o médico psiquiatra?
O médico psiquiatra tem o papel de avaliar e tratar transtornos psiquiátricos, podendo fazer a prescrição de medicamentos.
“A Psiquiatria é uma especialidade médica, assim como a Cardiologia ou a Endocrinologia. Dessa forma, o psiquiatra avalia o paciente para saber se essa pessoa tem um transtorno psiquiátrico, que é quando ele apresenta sintomas que causam um sofrimento muito significativo ou um prejuízo, que pode ser social, ocupacional ou até em outras áreas da vida”, explica a Drª. Ana Lúcia, médica psiquiatra e psiquiatra voluntária da Abrale.
A princípio, a atuação desse tipo de médico pode parecer similar a do psicólogo. Entretanto, a especialista afirma que há distinções bastante demarcadas.
Essa confusão entre as duas terapias é uma “dúvida muito frequente que as pessoas têm. Ela surge porque tanto o psicólogo, quanto o psiquiatra, abordam os aspectos emocionais e comportamentais das pessoas”, ela diz.
A principal diferença entre psiquiatra e psicólogo está na formação acadêmica desses profissionais. Enquanto o psicólogo se gradua em psicologia e, depois, se especializa em alguma área específica, o psiquiatra faz faculdade de medicina e especialização em Psiquiatria. Além disso, justamente por conta da formação, o psiquiatra tem a permissão para prescrever medicações e o psicólogo, não.
Papel da Psiquiatria na Oncologia
O(a) psiquiatra oncológico pode atuar em várias situações junto ao paciente, como transtornos psiquiátricos, e até mesmo ajudar no controle do consumo de substâncias prejudiciais à saúde.
De acordo com a Drª. Ana Lúcia, diversos estudos demonstram que mais de 30% das pessoas com câncer podem apresentar quadros como ansiedade e depressão. “
Muitas vezes, um paciente com câncer, que apresenta, por exemplo, um quadro de depressão, pode ter maior dificuldade de aderir ao tratamento oncológico, pode ter mais internações e internações mais prolongadas. Então, é muito importante que esses sintomas sejam identificados e tratados, para que o paciente possa ter uma melhor qualidade de vida e facilitar o enfrentamento ao câncer”, a médica diz.
Ela ainda alerta que, não somente os pacientes costumam apresentar esses quadros, mas os familiares e cuidadores também podem desenvolvê-los. E também é fundamental procurar ajuda para tratar.
Além disso, transtorno de ajustamento, estresse pós-traumático, prejuízos na concentração e memória, por conta do chemobrain, náuseas e/ou vômitos antes da quimioterapia e questões sexuais também podem ser trabalhadas na Psiquiatria.
Outra situação na qual essa especialidade pode ajudar é quando a pessoa tem o hábito de consumir substâncias que, muitas vezes, são, inclusive, fatores de risco para o câncer. Por exemplo, o tabaco e o álcool, além do uso de outras drogas.
Por último, o apoio do psiquiatra pode ir além do tratamento antineoplásico, ele pode ajudar mesmo após a terapia medicamentosa chegar ao fim.
“Tem uma pesquisa recente em que pacientes que apresentaram depressão ou ansiedade tinham muito mais dificuldade de retornar ao trabalho depois do término do tratamento. Então, é fundamental que essas condições sejam tratadas no decorrer e também depois”, a psiquiatra orienta.
É importante lembrar que o tratamento psiquiátrico SEMPRE deve ser acompanhado pelo atendimento psicológico, pois eles são complementares.
Quando câncer e depressão aparecem juntos
Pacientes oncológicos podem desenvolver um quadro depressivo e a ajuda profissional será fundamental O diagnóstico do câncer pode alterar vários…
Quando procurar um psiquiatra
O ideal seria que a equipe de Oncologia que acompanha o paciente fizesse avaliações frequentes para identificar possíveis transtornos e encaminhar a pessoa. Mas, essa decisão também pode partir do próprio paciente.
O sofrimento psicossocial (aspecto emocional) deveria ser um dos fatores avaliados quando se analisa os sinais vitais. Mas, não é sempre que a equipe médica tem recursos para abordar essas questões, pois precisa focar, principalmente, nos aspectos físicos.
Dessa forma, a psiquiatra orienta que caso o paciente não esteja se sentindo bem psicologicamente, fale com o seu médico. Mas, se também não encontrar espaço para essa escuta, a pessoa pode procurar por conta própria – não precisa de encaminhamento para psiquiatra.
A Drª. Ana diz que “é importante entender que os sentimentos como tristeza, ansiedade, medo e desânimo acontecem em todas as pessoas em algum momento. Ainda mais quando essa pessoa está passando pelo impacto de receber um diagnóstico e de fazer o tratamento do câncer. Mas, alguns sinais podem alertar que essa não está sendo uma reação normal, principalmente quando acabam gerando um sofrimento significativo e um prejuízo na vida da pessoa. ”
Os principais sinais são:
- Tristeza constante;
- Perda do prazer em realizar atividades que antes traziam felicidade;
- Pensamentos relacionados à culpa e arrependimento;
- Autocrítica;
- Desesperança e
- Desejo de morrer
“Luta contra o câncer”, para alguns, pode ser mais que uma simples expressão
Não é nem certo nem errado falar dessa forma, mas é preciso estar atento como essa fala pode ser internalizada
Como é uma consulta com o psiquiatra
Geralmente, na primeira consulta com psiquiatra, o paciente conta sua história e como tem se sentido para que o médico possa conhecê-lo e avaliá-lo.
“Em específico nos pacientes oncológicos, além disso o psiquiatra precisa conhecer sobre a doença oncológica e o tratamento. Isso porque, assim, ele pode entender como o paciente vem lidando com as questões relacionadas à doença. A partir disso, faz a avaliação e identifica qual a melhor abordagem terapêutica”, a especialista explica.
Ela relata que as pessoas ainda têm preconceito em relação aos transtornos psiquiátricos e acabam sofrendo por essa questão. Sendo que, muitas vezes, os pacientes chegam à consulta com uma sensação de fracasso e culpa por não conseguirem lidar com os sentimentos.
“Eu costumo dizer que a Psiquiatria é uma especialidade médica como outra qualquer. Ninguém se sente culpado por ter pressão alta, então por que uma pessoa vai sentir culpa por estar com depressão? Todo mundo precisa de ajuda em algum momento e, nesse momento, essa pessoa precisa de uma ajuda especializada e, para isso, existe o psiquiatra”, fala.
O tratamento psiquiátrico irá depender das necessidades do indivíduo, bem como seus sintomas. Entretanto, o mais comum é que os atendimentos sejam mensais.
Para os casos que for indicado o uso de remédios psiquiátricos, é preciso ter cuidado com a interação medicamentosa. Ou seja, é preciso verificar se a ação do remédio não interfere no tratamento oncológico e vice-versa. Essa é uma responsabilidade do psiquiatra, que deve indicar uma terapia que não gere esse tipo de situação.
“As pessoas ainda associam muito a questão de tratamento psiquiátrico com dependência de medicamentos. A gente sabe que a realidade não é essa, muito pelo contrário. O tratamento psiquiátrico não causa dependência dos medicamentos, o tratamento, em geral, tem começo, meio e fim, desde que realizado de uma forma adequada”, conclui a Drª. Ana Lucia.
Uma dúvida ?? Como alguém com câncer, calvo, com náuseas, diarréia e todo o resto dessa desgraça toda não vai deprimir??
Olá, Beatriz, como vai?
Essas todas são situações que realmente podem ser um gatilho para uma depressão ou uma ansiedade, por isso é fortemente indicado que o paciente faça acompanhamento com um psicólogo e um psiquiatra, caso necessário, durante todo o tratamento oncológico – em alguns casos, até mesmo depois o final da terapia.
Abraços!
Minha mãe tem tromocitemia essencial e faz uso do medicamento hidroxiureia. Tem apresentado quadros de depressão e ansiedade, dificuldade para dormir. Ela pode fazer uso de medicamentos antidepressivos??
Olá, Patrícia, como vai?
Em geral, não há problema, mas pode ser que seja necessário avaliar os componentes de ambos os medicamentos, para evitar que um afete o efeito do outro. Então, o ideal é conversar com o hematologista e com o psiquiatra, contar quais são os medicamentos e confirmar se não tem problema mesmo!
A senhora já conhece o trabalho da Abrale?
Nós somos uma ONG que auxilia pacientes com algumas doenças hematológicas, como a TE, por meio de diversos serviços gratuitos! Inclusive, podemos disponibilizar uma consulta médica com um hematologista (para ver a questão dos medicamentos) e verificar se conseguimos um acompanhamento psiquiátrico voluntário para sua mãe.
Caso tenha interesse, pode entrar em contato com o nosso Apoio ao Paciente, para que a gente possa conversar mais, te contar sobre nosso trabalho e apoiarmos você como precisar. Basta enviar uma mensagem para o nosso WhatsApp 11 3149-5190 (ou clique no link) para que possamos fazer o seu cadastro! Só pedimos para que, no primeiro momento, não envie áudio para que nosso sistema possa entender a sua demanda e encaminhar para o departamento correto.?
Você também pode entrar em contato conosco por estes canais:
– Telefone: 11 3149-5190 ou 0800-773-9973
– E-mail: [email protected]
– Site: https://www.abrale.org.br/fale-conosco/
Ficamos no seu aguardo ?
Abraços!