Quando câncer e depressão aparecem juntos
Última atualização em 29 de julho de 2021
Pacientes oncológicos podem desenvolver um quadro depressivo e a ajuda profissional será fundamental
Depressão é uma doença psiquiátrica que afeta o emocional de uma pessoa. Ela é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “Mal do Século”. Assim como o câncer, a depressão acontece devido a múltiplos fatores que podem ser tanto ambientais quanto fisiológicos.
Ou seja, essa condição acontece devido ao desequilíbrio de alguns neurotransmissores, como serotonina, noradenalina e dopamina, e também por conta da genética e do ambiente em que se vive. Por exemplo, quando se está feliz com alguma situação, são liberados altos níveis de dopamina. E é a genética do organismo quem decidirá a quantidade exata. O mesmo vale para o inverso – quando algo faz com que a pessoa fique triste, é a sua genética quem decide quanto neurotransmissor liberar.
Relação entre depressão e câncer
A Dra. Ana Lúcia Benito, psiquiatra especialista em Oncologia, explica que é normal que com o diagnóstico e com o tratamento, a pessoa sinta tristeza. “Isso acontece porque o câncer causa uma grande mudança na vida. Mas é importante frisar que tristeza é diferente de depressão. Então, não é normal que uma pessoa que está em tratamento oncológico tenha depressão”.
A psiquiatra conta que as pesquisas mostram que um paciente oncológico tem mais chances de desenvolver um quadro depressivo. Mas ser comum, não quer dizer que é normal.
Diversos fatores podem estar relacionados a maior incidência de depressão entre os pacientes, como as mudanças físicas relacionadas à doença e também o impacto social que o câncer pode causar. Esta é uma doença que realmente pode mudar a maneira como as pessoas enxergam a vida.
Outra questão muito importante é que a depressão, se não tratada, pode interferir no tratamento oncológico. “As pesquisas apontam que um paciente com depressão tem um risco aumentado em 2,6 vezes de ter o tratamento prejudicado. Isso porque ele tem mais dificuldade em aderir aos medicamentos e em seguir as orientações médicas e da equipe multiprofissional”, diz a Dra. Ana.
Em quais sintomas de depressão preciso ficar de olho?
A psiquiatra conta que para diagnosticar a depressão em um paciente oncológico alguns critérios devem ser observados. “Em pessoas com câncer, alteração no sono, perda ou ganho de peso e cansaço não são critérios utilizados, pois não necessariamente estarão relacionados à depressão, mas sim ao tratamento. Então costumamos usar alguns métodos diferentes, como perceber uma tristeza constante e generalizada, se o paciente apresenta um senso de desesperança, culpa excessiva, arrependimento. Se sente necessidade de ficar muito isolado, de se autocriticar excessivamente, ter pensamentos suicidas e não sentir mais prazer em coisas que antes o deixavam feliz”, explica a especialista.
Um ponto importante a ser ressaltado é que ninguém escolhe ter depressão. Não é simples “sair” de um estado depressivo, por isso receber um tratamento profissional será essencial.
“A depressão é entendida como um transtorno no qual existem alterações de neurotransmissores cerebrais que levam a esses sintomas. Então, não é falta de força vontade, ou que a pessoa está se entregando. É realmente uma doença e que precisa ser tratada”, ressalta a Drª Ana.
Cura da depressão
Se o paciente, ou familiar, identificar alguns dos sintomas da depressão, deve procurar ajuda de um especialista – psicólogo ou psiquiatra – o mais rápido possível. Ele estará habilitado para diagnosticar o quadro e decidir qual é o melhor tratamento a ser utilizado.
Os antidepressivos são muito importantes, mas nem todos os casos necessitam de medicamentos. Às vezes, o acompanhamento psicológico já é suficiente. Além disso, é possível alinhar à terapia, atividades físicas, técnicas de relaxamento, acupuntura, dentre outras.
“É importante a avaliação para saber qual, ou quais, são os tratamentos mais indicados na situação. Podem ser utilizadas várias abordagens, inclusive ao mesmo tempo, dependendo da necessidade do paciente naquele momento”, conta a psiquiatra.
É fundamental que o profissional entenda sobre o tratamento oncológico que a pessoa está realizando. Isso porque alguns antidepressivos podem interferir no tratamento, prejudicando a resposta do paciente ou ajudando nos efeitos colaterais.
“Alguns podem ajudar no ganho de peso. Já para pacientes que tiveram câncer de mama e posteriormente precisaram fazer uso de medicamentos por questão hormonal, podem ser escolhidos antidepressivos que melhorem a sensação de calor, um efeito colateral bastante comum”, explica a Dra. Ana.
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Obrigada por abordarem este assunto… Tudo o que eu estava precisando neste momento…
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O usos de alguns antidepressivo , antipsicótico ,podem aumentar a recaída em pacientes que já tiveram câncer?? Os riscos são grandes para pacientes depressivos também?
Olá, Marcos.
O psiquiatra, ao indicar um medicamento para a depressão, precisa procurar uma terapia que não interfira no tratamento do câncer para garantir que esse tratamento seja bem sucedido e diminua as chances de uma recaída. Um exemplo disso, é o uso de alguns antidepressivos com tamoxifeno, que pode inibir o efeito do tamoxifeno e assim, diminuir sua efetividade na redução do risco de recidiva de um câncer de mama.
Quanto a questão do risco para pacientes depressivos, diversas pesquisas demonstram que um paciente com depressão sem tratamento tem um prognóstico mais complicado e um aumento da mortalidade, sendo assim, fundamental a realização de um tratamento adequado. Mas a depressão não está ligada ao desenvolvimento de um câncer.
Oi boa tarde! Mas estou com depressão, depois do tratamento do CA e já tive alta. Mas agora estou com uma depressão que não passa.
Olá Rosa! Sentir-se deprimida por conta do tratamento oncológico realmente pode acontecer. Mas é preciso tratá-la! Entre em contato com o nosso departamento de Psicologia. Oferecemos este serviço de forma gratuita: [email protected]
Minha irmã tem câncer de pulmão fez rádio e quimio terminou agora ela diz que está cansada e não anda mais e não se alimenta o que eu faço é depressão?
Oi, Cema, tudo bem?
A princípio, como o tratamento oncológico pode exigir muito do paciente, é normal que eles se sintam cansados após o término do quimio. Mas é muito importante que a senhora a incentive a se alimentar bem (tente fazer pratos que ela gostava muito antes do tratamento e comidas leves, como sopas) e a dar pequenas caminhadas, nem que seja só até o portão de casa, ou até a esquina e voltar. Com o tempo ela deve melhorar.
Se dentro de algumas semanas a senhora reparar que ela continua desanimada, seria interessante procurar uma psicóloga ou algum profissional que possa oferecer apoio. Apesar da Abrale ser uma associação que auxilia pacientes com cânceres do sangue, acredito que a nossa psicóloga Agnes pode te oferecer algumas dicas para esse processo! O e-mail dela é [email protected]
Abraços!
Olá, meu nome é Guilherme
estou escrevendo meu TCC sobre a relação do câncer com a depressão, seria possível eu tirar algumas duvidas pontuais com vcs?
Olá, Guilherme, como vai?
Claro, estamos encaminhando o seu contato e pedido para o Comitê Psicológico da Abrale para que o senhor possa conversar com um dos nossos especialistas! Fique atento ao endereço de e-mail que o senhor indicou quando fez o comentário, enviaremos uma mensagem para lá dentro de alguns dias.
Abraços!