O que é a terapia genética?
Última atualização em 29 de julho de 2021
7 respostas para você entender o tratamento que vai revolucionar a luta contra o câncer
Uma revolução está em curso no tratamento do câncer. Mas tudo ainda é muito novo. Por isso, ouvimos o médico Phillip Scheinberg, chefe da Hematolgia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Segundo ele, a terapia genética é promissora porque apresentou resultados positivos em pacientes que já não respondiam bem aos tratamentos convencionais de quimioterapia e transplante de medula óssea.
“Apesar de complexo, específico e caro, essa nova abordagem representa um avanço importante para a medicina”, diz o hematologista.
1. Do que se trata?
Como o nome sugere, estamos falando de genética, ou seja, genes e moléculas de DNA, responsáveis por nossa herança biológica. Existem milhares de genes em nossas células e cada um deles possui um código capaz de ativar uma função específica do corpo. O que os pesquisadores têm tentado é reprogramar essas informações genéticas para que a instrução da células seja, por exemplo, atacar um câncer.
E eles conseguiram. Criaram imunoterapias, ou seja, terapias que modificam geneticamente células do sistema imunológico para atuar contra tumores de sangue (linfoma e leucemia), pele (melanoma) e de partes moles.
2. A terapia genética está disponível?
No Brasil, há estudos preliminares em curso, como o do Hemocentro de Ribeirão Preto, em São Paulo, mas o tratamento segue indisponível, mesmo experimental. Nos Estados Unidos, o Centro Clínico dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) obteve a remissão de leucemia em crianças e criou condições para a aprovação do tratamento experimental pela FDA, entidade correspondente à nossa Anvisa.
3. Quais são os tratamentos que compõem a terapia genética?
Existem três tipos de tratamento. O mais indicado para câncer de sangue é o chamado CART-Cell, que habilita células de defesa do organismo (os linfócitos T) a reconhecer e atacar o tumor. Ele é indicado para linfomas e leucemia linfoide aguda (LLA), promovendo uma ação contínua e específica com apenas uma dose. Há também os tratamentos T Cell “Engendrado”, parecido com o CART-Cell, mas indicado para melanoma (câncer de pele) e sarcoma sinovial (tumor das partes moles). Por fim, existe a terapia TIL, que retira o tumor do paciente para extrair as células de defesa já em ação e reaproveitá-las, também indicada para melanoma.
4. Quanto custa?
Os processos são experimentais. Nos EUA, porém, pode-se entrar no protocolo para o CART-Cell, por exemplo. O custo da terapia está em torno de US$ 300 mil, o que significa quase R$ 1 milhão.
5. Como funciona?
Considerando apenas o CART-Cell, existem algumas etapas:
- Médicos retiram e fazem uma reprogramação genética dos linfócitos T do paciente, modificando seus DNAs.
- Com novo DNA, as células de defesa do corpo tornam-se capazes de reconhecer o tumor e atacá-lo.
- No laboratório, cientistas multiplicam essas novas células, enquanto médicos reduzem o poder da ação do sistema de defesa do paciente para abrir espaço de atuação dos linfócitos T modificados.
- As novas células são injetadas no corpo do paciente, dando ao sistema imunológico condições de agir contra o tumor. Normalmente, esse procedimento é realizado apenas uma vez.
6. É um tratamento seguro?
Sabe-se que as reações à terapia genética podem ser agressivas e diferentes daquelas conhecidas. Além de efeitos colaterais, como toxicidade neurológica e outros, há riscos de as células modificadas atacarem outras partes do corpo. Justamente por isso elas têm sido aplicadas nos EUA depois de esgotadas as possibilidades de tratamentos convencionais, o que significa quimioterapia e transplante de medula óssea. E os resultados são animadores.
7. Quais são as perspectivas para o Brasil?
O custo do investimento para implantação de terapia genética no Brasil é alto. Uma possibilidade para o país seria o tratamento em caráter experimental, sob a supervisão do Comitê Nacional de Ética em Pesquisa e com o devido protocolo. Algo mais formal, aprovado pela Anvisa e reconhecido pela Comissão de Novos Procedimentos do Conselho Federal de Medicina, seria mais difícil, ao menos por enquanto.
O que é a terapia genética?
É uma nova opção de tratamento oncológico, que modifica geneticamente as células do sistema imunológico para atuar contra o câncer.
Ótima postagem!
Também gostei
Tenho um foto com 8 anos ele faz tratamento para leucemia do tipo LLA classificação T, como faço para ele fazer esse tratamento, tem como?
Olá, Alexa, como vai?
Os tratamentos com terapia genética só estão disponíveis nos estudos clínicos. Sugerimos que a senhora converse com o oncologista que acompanha o tratamento do seu filho para verificar se é necessário e se há algum estudo clínico, no qual o seu filho se encaixe, recrutando no momento.
A senhora já conhece a Abrale? Nós somos uma ONG que auxilia pacientes com cânceres do sangue, como a LLA, por meio de serviços gratuitos. Estou encaminhando o seu contato para o nosso Apoio ao Paciente e, dentro de alguns dias, a senhora receberá um e-mail nosso explicando mais sobre nosso trabalho e nos colocando à disposição para o que precisarem! Peço para que fique atenta ao endereço de e-mail que a senhora indicou quando fez o comentário.
Abraços!