A aspirina previne metástase de câncer? Entenda

Estudo mostrou que a aspirina preveniu metástases de câncer em ratos geneticamente modificados
Um estudo britânico publicado em 2025 mostrou que a aspirina pode ser capaz de prevenir metástases de câncer. Isso significa que o medicamento passará a ser indicado para o tratamento da doença? Entenda.
Em março deste ano, foi publicado um estudo, na Revista Nature, que mostrou que a aspirina pode ser capaz de prevenir o surgimento de metástases de câncer. As pesquisas foram realizadas em ratos geneticamente modificados, por isso, a prevenção de metástases em seres humanos com o uso de aspirina ainda precisa ser estudada.
Como a aspirina funciona no corpo humano?
Manoel Carlos Leonardi de Azevedo Souza, oncologista clínico do Grupo DASA, explica que a aspirina pode ajudar na prevenção das metástases por ter um efeito anti-inflamatório. Segundo o oncologista, a inflamação tem um papel central na formação de células cancerígenas.
“Portanto, ao inibir a inflamação, existe menos chance de que ela dê origem a uma célula neoplásica, uma célula do câncer”, afirma.
A aspirina também impede, conforme Souza, “a formação dos grumos de plaquetas. Ela não deixa uma plaqueta grudar na outra, dificulta a formação de coágulos”. Isso pode ajudar a prevenir metástases porque algumas células cancerígenas circulam no sangue envoltas em plaquetas, o que faz com que o sistema imunológico não as reconheça.
“Inibir a agregação de plaquetas faz com que as células tumorais fiquem expostas no sangue e sejam mais facilmente reconhecidas e destruídas pelo sistema imunológico”, relata o oncologista.
Mas afinal, a aspirina pode ajudar a prevenir o câncer?
Segundo Souza, estudos recentes mostram que a aspirina pode ajudar a reduzir a incidência de tumores gastrointestinais, como o do colo e o do intestino grosso. Porém, os benefícios da aspirina no tratamento de câncer, de maneira geral, “ainda são muito pré-clínicos. A gente tem raciocínios biológicos, mas não tem nenhuma comprovação clínica que isso funcione”, ressalta.
A aspirina é indicada no tratamento de câncer?
O oncologista ressalta que “não há recomendação para uso contínuo ou formal da aspirina no tratamento dos pacientes com câncer”. O medicamento é prescrito em outros tratamentos, como na prevenção de eventos cardiovasculares.
Segundo Souza, nos casos de tumores colorretais com uma mutação do PI3K, pode ser que a aspirina seja usada. “Podemos discutir consensualmente com o paciente o uso dessa medicação, porque ela não é isenta de riscos”, conta.
Quais são os efeitos colaterais da aspirina?
Um dos principais efeitos adversos da aspirina é facilitar a ocorrência de sangramentos, como os gastrointestinais, os da pele, das mucosas, do cérebro. Souza informa que isso acontece por conta da diminuição da agregação plaquetária.
“As plaquetas são células do sangue que entopem algum rasgo no vaso sanguíneo ou alguma lesão que a gente tenha. E isso faz com que a gente pare de sangrar”, relata.
Outro efeito adverso, segundo o oncologista, é a diminuição da mucosa que protege o estômago. “O estômago fica um pouco mais sensível ao ácido gastrointestinal. Isso facilita o aparecimento de úlceras gástricas e sangramentos gastrointestinais”, explica.