Como funcionam as etapas do tratamento das leucemias agudas
Última atualização em 5 de outubro de 2022
O tratamento das leucemias agudas é dividido em etapas com objetivos e duração diferentes, sendo elas: indução, consolidação e manutenção
Apesar de cada caso ser único, o tratamento das leucemias agudas segue um processo, de certa forma, padronizado. Ou seja, há algumas etapas que os onco-hematologistas seguem para que o paciente alcance a remissão. Podem ser duas ou três fases, dependendo do tipo e subtipo da doença, e cada uma delas possui objetivos e duração diferentes. Isso vale para terapias de primeira linha, dessa forma, caso a recidiva aconteça, o protocolo e processo são outros.
Tanto a leucemia mieloide aguda (LMA), quanto a leucemia linfoide aguda (LLA) acontecem devido a mutações genéticas que levam à produção de células doentes chamadas de “blastos”. No caso da LMA, são blastos mieloides, e na LLA, blastos linfoides.
A Drª. Carla Marques, hematologista do Instituto Hemomed, esclarece que esses blastos são células que não conseguem amadurecer e passam a se multiplicar descontroladamente. Quando eles passam de 20% no sangue, considera-se que a pessoa está com uma leucemia aguda. Assim, o objetivo da terapia é diminuir essas células leucêmicas e restaurar a produção e a fabricação normal.
O tratamento de LLA é dividido em três etapas, sendo elas: indução, consolidação e manutenção. Já o tratamento da LMA acontece em duas fases, não sendo necessário realizar a manutenção na maioria das vezes. Entretanto, quando se trata do subtipo M3 da LMA, a intervenção terapêutica segue outro esquema e também são feitas as três etapas.
Fases do tratamento para leucemias agudas
1ª. Terapia de indução
“Essa é a primeira fase do tratamento e é a mais delicada. Tem como objetivo eliminar e reduzir os blastos da medula óssea”, a Drª. Carla diz.
Essa etapa é feita com quimioterapia endovenosa, o tempo de duração é, geralmente, de sete dias e, para realizá-la, o paciente precisa ficar internado.
Após essa intervenção terapêutica, a pessoa apresenta um quadro de aplasia medular, isto é, a medula óssea para de produzir células sanguíneas, e é preciso aguardar que a fabricação se recupere. Isso é observado por meio do resultado do hemograma, que deve indicar que o número de células retornou aos valores de referência considerados normais. Dependendo das complicações que a pessoa apresenta, esse restabelecimento leva, em média, de 20 a 30 dias.
2ª. Terapia de consolidação
Nesta etapa do tratamento da leucemia, o objetivo é fortalecer a resposta obtida na indução, destruindo os blastos que restaram. De acordo com a Drª. Carla, é preciso aguardar a recuperação da indução para dar início à consolidação.
Aqui, o tempo de duração depende da classificação de risco da doença e condições do paciente. Por exemplo, idade e/ou presença de comorbidade. Mas, em geral, o intervalo entre um ciclo e outro costuma ser de 30 dias.
No caso de pacientes com risco intermediário ou alto, a hematologista ainda acrescenta que, havendo indicação para o transplante de medula óssea (TMO), ele acontece antes ou após a consolidação. O momento exato varia conforme a recuperação clínica após a indução e se há doador disponível.
Somente considera-se que essa etapa chegou ao final se a quantidade de blastos estiver zerada. Ou seja, quando houver a remissão da leucemia.
3ª. Terapia de manutenção
Esta é a última fase, na qual são administradas baixas doses de quimioterapia durante meses ou anos após a consolidação.
Lembrando que esta etapa é feita apenas para pacientes com LLA ou com o subtipo M3 da LMA.
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Tratamento para recidiva
Se o paciente tiver uma recidiva na fase de consolidação do tratamento da leucemia, na maioria das vezes o protocolo é trocado. Dessa forma, são escolhidas novas drogas e esquemas terapêuticos que não foram utilizados anteriormente.
“Esse paciente costuma passar por apenas uma fase e ao obter uma resposta adequada o encaminhamos para o TMO”, a médica explica.
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Quimioterapia para leucemia
“De um modo geral, os medicamentos quimioterápicos mais utilizados no tratamento da LMA são citarabina e antraciclinas (daunorrubicina ou idarrubicina). Além disso, outros medicamentos quimioterápicos também podem ser utilizados mediante teste de mutações moleculares, idade, comorbidades – para essas pessoas, o tratamento deve ser individualizado”, a Dr. Carla Marques pontua.