Cirurgia oncológica: como funciona e para quem é indicada
Última atualização em 28 de julho de 2021
A operação pode ser o tratamento principal para quase todos os cânceres sólidos, dependendo do estágio do tumor e da saúde do paciente
O Dr. Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), explica que existem dois tipos de cirurgia oncológica.
A primeira, é a cirurgia curativa, que, como o nome diz, é o procedimento que tem o objetivo de curar. Já a segunda, é a cirurgia paliativa, que é feita quando não é possível eliminar a massa cancerosa, entretanto pode ser oferecida uma melhora na qualidade de vida do paciente.
“O paciente tem uma obstrução intestinal por carcinomatose e você consegue fazer uma colostomia nele. Não é possível ressecar o tumor porque, por algum motivo, já passou de uma fase curativa. Entretanto, o cirurgião oncológico consegue fazer uma paliação”, exemplifica o Dr. Oliveira.
Quando o procedimento cirúrgico, apesar de ter o intuito de curar, não possibilita a retirada de todo o câncer, pode ser necessário administrar a quimio ou a radioterapia. De acordo com o especialista, “essas terapias, geralmente, são usadas na forma de aumentar a sobrevida e a taxa de cura do paciente”.
Nesses casos, o tratamento pode ser considerado como adjuvante ou neoadjuvante. O tratamento adjuvante acontece quando a cirurgia oncológica é feita primeiro e, depois, administra-se quimio ou radio para reforçar o resultado.
Enquanto que no tratamento neoadjuvante a cirurgia é realizada após os outros tratamentos. Ou seja, diminui-se o volume do tumor com a terapia sistêmica ou local e, em seguida, por meio da operação, o restante da massa é retirada.
A cirurgia oncológica também pode auxiliar no diagnóstico de câncer quando é preciso fazer uma biópsia.
Para quais pacientes a cirurgia oncológica é indicada?
A princípio, esse procedimento pode ser indicado para quase todos os pacientes com tumores sólidos. Há apenas alguns tipos de câncer que não podem ser tratados por meio da cirurgia, como o de canal anal.
“Saiu um trabalho da Organização Mundial da Saúde no ano passado falando que nos cânceres em estágios iniciais, em 59% dos casos, a cirurgia é a única forma de tratamento. Ou seja, você consegue tratar o paciente apenas com cirurgia, sempre que você tiver um diagnóstico precoce”, o Dr. Oliveira diz.
Então, caso o tamanho do tumor permita realizar a cirurgia, o próximo passo é analisar o performance status do paciente. Isto é, como está sua condição geral de saúde. Se ela estiver boa, o procedimento cirúrgico pode ser feito. Entretanto, se for apresentado mau estado nutricional, mau funcionamento cardíaco, pulmonar ou renal, é preciso melhorar esse quadro antes.
“Por exemplo, um paciente tem um câncer de esôfago de dois centímetros, sem metástase. Entretanto, tem uma Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) grave. Nesse momento, ele não pode ser submetido a uma anestesia geral. Então, esse paciente tem que ser preparado, fazer uma fisioterapia pré-operatória, suspender o tabagismo e aí é operado”, o médico conta.
Nos protocolos de tratamento que incluem a cirurgia oncológica mais outro tipo de terapia, geralmente, é feita uma pausa entre um método e outro. Dependendo da operação, o paciente pode ficar com o sistema imunológico suprimido e a quimioterapia também causa esse efeito. Então, utilizar uma terapia logo em seguida da outra pode gerar um comprometimento grave da imunidade, dificultando a recuperação.
“Normalmente, esperamos entre três e seis semanas. Varia de acordo com o porte da cirurgia e a resposta inflamatória do paciente. A média costuma ser de quatro semanas”, o Dr. Oliveira informa.
Cirurgia oncológica e cânceres hematológicos
Esse procedimento não pode ser utilizado como tratamento tanto nos linfomas, quanto nas leucemias.
Nas leucemias, isso acontece porque, como é um câncer que está no sangue, está no corpo inteiro. Então, não há um local específico e sólido que possa ser retirado.
Já nos linfomas, a cirurgia oncológica pode ser indicada para realizar a biópsia, no momento do diagnóstico. Entretanto, para o tratamento em si, esse método não é indicado. Isso ocorre somente em casos muito raros. O mais comum é que o tratamento seja realizado com quimio e radioterapia, muitas vezes, em conjunto.
Cuidados na cirurgia oncológica
Esse tipo de operação é muito diferente de uma cirurgia benigna, por isso, requer muita atenção do cirurgião, equipe médica e paciente.
O primeiro ponto que precisa ser observado são as questões pré-operatórias de performance status. Quando o paciente recebe a liberação médica para realizar o procedimento, serão avaliadas as questões cirúrgicas.
Durante a operação, os maiores cuidados são: não manipular excessivamente o tumor e fazer a troca do material.
“O material para retirar o tumor tem que ser diferente do material para dar ponto na pele do paciente. Se você está realizando a cirurgia e vai fechar o local, tem que trocar as suas luvas”, conta o Dr. Oliveira.
Quanto à manipulação do tumor, o médico fala que é preciso estar atento às margens e aos órgãos adjacentes. A margem de segurança, ou seja, a área que também deve ser retirada para evitar que fique alguma célula cancerosa, varia de três milímetros até 10 centímetros. Além disso, é preciso prevenir que o paciente perca muito sangue e precise de uma transfusão.
Após o procedimento cirúrgico, o paciente precisa seguir corretamente as orientações médicas para diminuir as chances de complicações. É provável necessitar de alguns dias de internação para que a equipe possa acompanhar a recuperação.
Ao voltar para casa, as instruções devem ser cumpridas tanto em relação ao uso dos medicamentos, quanto alimentação e quais atividades podem ou não ser feitas.
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