Terapias biológicas inovam tratamento oncológico
Última atualização em 2 de abril de 2024
Com excelentes respostas, elas podem ser utilizadas no tratamento de diferentes tipos de câncer
O farmacêutico Guilherme Munhoz, do Comitê de Farmácia da Abrale, explica que “esses medicamentos são originados de organismos vivos e desenvolvidos por meio de engenharia genética, para atuar em alvos específicos dentro do organismo.”
De acordo com Márjori Dulcine, diretora médica da farmacêutica multinacional Pfizer, esse tipo de terapia pôde começar a ser desenvolvida devido a biotecnologia. “A técnica permite a manipulação de seres vivos, como microrganismos, células, órgãos e tecidos de origem vegetal ou animal”.
Em 1970, a recombinação de DNA trouxe grandes novidades. Com isso, passou a ser possível cortar um gene de uma fonte, juntar com pedaços de outras fontes e transferir esse novo “Frankenstein” para uma célula hospedeira que irá fabricar a proteína desejada.
A primeira terapia biológica desenvolvida foi a insulina humana, lançada em 1982. Segundo Márjori, desde então os biológicos vêm revolucionando o tratamento de doenças de grande impacto na sociedade, como o câncer e as doenças autoimunes.
“Os métodos sofisticados de análise e manipulação do DNA trouxeram grandes avanços no conhecimento dos processos biológicos de várias doenças, permitindo que a indústria farmacêutica pudesse desenvolver moléculas cada vez mais eficazes e seguras. Ainda hoje, esses medicamentos representam o maior polo de inovação da indústria farmacêutica”, explica Márjori.
Atualmente, a Pfizer está trabalhando com 38 programas de desenvolvimento de novas terapias biológicas. Dessas, 21 estão sendo desenvolvidas para o câncer.
Nasce um medicamento biológico
Para o desenvolvimento de um biológico, primeiro é realizada a recombinação do DNA, como explicado anteriormente. Em seguida, essa nova célula se replica e, sob intenso monitoramento, gera células mestras, que são mantidas em estoque permanente.
Após este processo, são extraídos desse conjunto original os bancos de “células de trabalho”. Esse material passa por um processo chamado filtragem ou centrifugação, para então obter a proteína desejada – e que logo depois será purificada.
Essa proteína obtida é estabilizada para que, então, o medicamento possa ser produzido. O medicamento, por sua vez, antes de chegar ao grande público será submetido a pesquisas e testes rigorosos, que garantam a sua máxima estabilidade, esterilidade, eficácia e segurança.
São quatro as fases de um estudo clínico:
Fase 1 – 80 voluntários sadios são selecionados para avaliar a segurança e a dosagem.
Fase 2 – 300 pacientes são escolhidos para testar a eficácia e a segurança em curto prazo.
Fase 3 – A terapia biológica é testada em 5 mil pacientes para constatar a segurança, eficácia e interações medicamentosas.
Fase 4 – Essa fase inicia-se no pós-lançamento e visa comprovar a diferenciação em relação a outros medicamentos da mesma classe farmacovigilância.
O processo de desenvolvimento é finalizado com a fabricação da embalagem.
“O desenvolvimento de um biológico demanda cerca dez anos de trabalho, levando-se em conta desde o início da pesquisa da molécula até a comercialização do medicamento. Neste processo são consumidos, em média, investimentos de cerca de US$ 2,6 bilhões”, conta Márjorie.
Biológicos x Sintéticos
São diversas as diferenças existentes entre ambos os tipos de medicamentos. Além de serem produzidos por meio de células vivas e os sintéticos a partir de reações químicas definidas, a estrutura deles também difere.
As terapias biológicas têm uma estrutura complexa e muito grande, já os sintéticos têm uma estrutura pequena e simples. Devido a esse fator, os medicamentos biológicos precisam ser injetáveis, pois se fossem comprimidos ingeridos via oral, seriam destruídos pelo sistema digestivo e não fariam efeito.
Outra diferença é a possibilidade de conseguir duplicar um medicamento químico de forma exata. Este é caso dos genéricos, que possuem um princípio ativo idêntico ao original. Já um medicamento biológico não tem como ser duplicado de forma exata, devido à sua complexidade. Neste caso, só será possível criar estruturas similares, os chamados biossimilares. Eles também precisarão passar por testes rigorosos para comprovar sua equivalência em segurança e eficácia.
Tipos de terapias biológicas
Dentro das terapias biológicas existem a imunoterapia inespecífica, os anticorpos monoclonais e as vacinas.
O farmacêutico Guilherme explica que os anticorpos monoclonais se ligam a receptores específicos em vias específicas e fazem com que as células se “suicidem”. Já as vacinas, como a do HPV, ajudam a aumentar as defesas do corpo tornando mais difícil o desenvolvimento da doença.
Isso acontece porque a vacina é composta de organismos vivos, cuja agressividade foi diminuída. Quando esses organismos entram em contato com o corpo humano, o sistema imunológico começa a produzir anticorpos específicos para combatê-los. Assim, quando a doença real aparecer, o corpo já vai ter as defesas necessárias para lutar contra esse “mal”.
Já a imunoterapia objetiva “enganar” o sistema imunológico. “Algumas células cancerígenas conseguem desenvolver receptores que ligam às células de defesa do organismo. Então, o papel da imunoterapia é se ligar a estes receptores e inibir que este sistema de ‘chave e fechadura’ engane o sistema imunológico do paciente. Dessa forma, provoca a morte das células doentes”, explica Guilherme.
Terapia biológica na luta contra o câncer
Os medicamentos biológicos revolucionaram e continuam a revolucionar o tratamento de doenças de elevada prevalência e forte impacto para os países. Doenças como os diferentes tipos de câncer, além da diabetes, anemia, doenças autoimunes, como artrite reumatoide, psoríase, doença de Crohn, colite entre outras.
Para os cânceres do sangue, as respostas são muito positivas. “Esse novo tipo de terapia trouxe grandes mudanças para o tratamento dos cânceres hematológicos, trazendo chances reais de cura para os pacientes”, diz Guilherme.
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou duas novas terapias biológicas: o Inotuzumabe, para a leucemia linfoblástica aguda (LLA) de células B com o marcador CD22 positivo, indicado para pacientes que apresentam recidiva da doença e ou são refratários ao tratamento prévio com quimioterapia, e o Nivolumabe, indicado para o linfoma de Hodgkin em pacientes refratários ou recidivados após transplante autólogo e que tenham passado por tratamento com Brentuximab Vedotina.
Terapia biológica e os efeitos colaterais
Pelo contrário dos quimioterápicos, a terapia biológica age diretamente nas células doentes, fazendo com que as saudáveis sejam minimamente prejudicadas. Por este motivo, causam menos efeitos colaterais.
“Com os medicamentos biológicos os efeitos mais comuns são os relacionados aos efeitos imunológicos. Eles que podem ser o aumento das enzimas do rim, da proteína da tireoide e em alguns casos pode causar hiperglicemia. Apesar de serem raras, essas reações precisam ser avaliadas pelo médico”, finaliza Guilherme.
Boa noite… tenho síndrome de Sezary… estou à disposição para entrevistas e testes de medicamentos..
Manoel, muito obrigada pelo contato! Já adicionei seus contatos e quando tivermos pauta sobre linfoma, iremos entrevistá-lo. Beijos 🙂
Sou paciente de linfona da celula do manto desde 2016, atualmente estou em remissão, mas de um ano para cá os sintomas de reincidência são bem evidentes. Já combinei com minha médica Dra Cláudia do hospital das clínicas de Recife pe.logo depois de minimizarmos os efeitos da pandemia do covid 19, eu vou voltar lá pra uma consulta pra vermos se o que eu fazer.
Eu pergunto, o que posso ter esperança para um novo tratamento. Agora?.
Sou Enivaldo Pereira dos Santos.
ZAP 81 996313045. E-mail : [email protected]
Me coloco a disposição para responder perguntas, de estatísticas etc.
Olá, Enivaldo, tudo bem?
Vai depender muito do tratamento que foi utilizado na primeira vez e o prognóstico identificado agora, caso o linfoma realmente tenha voltado!
Peço para que o senhor entre em contato com o Apoio ao Paciente da Abrale pelo telefone 0800-773-9973 para que nós possamos fazer o seu cadastro, fazer acompanhamento do seu caso e também vermos se conseguimos te ajudar com a questão da consulta!
Abraços!
Bom dia! Gostaria de informações sobre estudos clínicos relacionados ao meu caso. Sarcoma no coração, já feito cirurgia, 2021,com acompanhamento. Adenocarcinoma no pulmão feito cirurgia 2022, acompanhamento. Me submetendo a quimioterapia carbo+taxil segunda sessão . Agraeeco e aguardo.
[email protected]
Olá, Marlene, como vai?
A Abrale é uma associação que auxilia pacientes com cânceres do sangue, por isso, infelizmente, não temos expertise suficiente para auxiliar e orientar a senhora. Mas indicamos que entre em contato com o Instituto Oncoguia, que atende pacientes com cânceres sólidos, como os sarcomas, para que eles possam te ajudar. O contato deles é: 0800 773 1666 ?
Abraços!
Olá!
Fui diagnosticada com Mieloma Multiplo no início desse ano. Acabei de fazer o transplante de medula óssea (15/08/2022) e gostaria de saber se já tem algum medicamento biológico para esse caso. O médico já sinalizou para fazer o segundo transplante como modo de prevenir uma recidiva.
Olá, Vilma, como vai?
No caso do mieloma múltiplo, acontece com uma certa frequência que os médicos indiquem um segundo, e até mesmo um terceiro, TMO para garantir um melhor resultado.
Quanto a sua pergunta, nós pedimos para que a senhora entre em contato com o nosso Apoio ao Paciente para que a gente possa conversar melhor e encaminhar sua dúvida para os nossos especialistas voluntários!
Nossos contatos são:
– Telefone: 11 3149-5190 ou 0800-773-9973 (o primeiro número também é WhatsApp, se quiser mandar uma mensagem pelo app basta clicar aqui)
– E-mail: [email protected]
– Site: https://www.abrale.org.br/fale-conosco/
Como, às vezes, o telefone pode estar ocupado, o contato via WhatsApp pode ser mais fácil!
Abraços!
Amei o artigo muito esclarecedor!
Fiquei com duvida em uma parte do artigo que diz; comprovar sua equivalência sem segurança e eficácia.
Olá, Eliseu, como vai?
Ficamos muito felizes de saber que o senhor gostou do nosso conteúdo!
Esse trecho mencionado, provavelmente, sofreu um erro de digitação, era para ser “comprovar sua equivalência em segurança e eficácia”. Agradecemos pelo aviso e já fizemos a correção!
Abraços!
Boa noite. Obrigado por permitir entrar na discussão!
Estou usando este artigo com base para palestra na igreja sobre o assunto da campanha de março azul marinho!
Muito rico o artigo.
Tenho uma paciente na família com anemia falciforme! Gostaria de saber se para estes pacientes a terapia biológica tem estudos para cura também?
Obrigado!
Olá, Eliseu!
A Abrale não atende casos de anemia falciforme, por isso, infelizmente, não temos todas as informações necessárias para responder a sua dúvida. Mas, encontramos um outro artigo sobre esse assunto, se quiser lê-lo, vamos deixar o link a seguir: https://jornal.usp.br/radio-usp/reino-unido-aprova-terapia-genica-para-anemia-falciforme-e-talassemia/
Abraços!
Olá
Fui diagnosticada com CA de colo de utero
Fiz quimio , radio , braqueo , ápos todas essas terapias sinto dor em meu quadril esquerdo com extensão a nadga
Gostaria de saber se tem algum tratamento que eu possa adrir para acabar com estas dores , já faz 1ano e meio e vivo tomando analgesico .
Obrigada !
Olá, Juliane, como vai?
É muito importante que a senhora converse com o seu oncologista sobre essas dores, para que ele possa fazer uma avaliação e verificar se há algum tratamento, além dos analgésicos, que a senhora pode fazer.
Alguns pacientes sentem melhora da dor oncológica ao realizar práticas integrativas como acupuntura ou fisioterapia. Veja com o seu médico se ele indica e/ou libera essas práticas para o seu caso!
Abraços!