Afinal, tatuagem causa câncer?
Última atualização em 15 de agosto de 2024
Descubra o que os especialistas dizem a respeito e como se tatuar com segurança
Um estudo indicando que ter tatuagem causa câncer, mais especificamente o linfoma, vem assustando as pessoas. Mas, não há motivos para pânico, pois essa análise apenas levanta uma hipótese e não define uma relação direta entre esses dois fatores.
A pesquisa foi realizada na Universidade de Lund, contou com a análise de dados de quase 12 mil pessoas e a conclusão indica que quem tem tatuagem possui um risco 21% maior de ter linfoma, um tipo de câncer do sistema linfático.
Segundo o estudo, haveria um aumento na probabilidade por dois motivos principais. Primeiro porque as tatuagens causariam um processo inflamatório crônico e o segundo devido ao fato das tintas usadas poderem contar com substâncias tóxicas.
Afinal, a tatuagem causa câncer?
Apesar do estudo indicar que pessoas tatuadas têm um risco maior de desenvolver câncer no sistema linfático, não é possível levar isso como uma verdade absoluta. Ou seja, apesar de existir essa probabilidade, não é possível classificar a tatuagem como um fator de risco para o linfoma.
“Esse é um estudo inicial, talvez o primeiro com um poder estatístico maior, a levantar a suspeição de um aumento de risco. Mas, não é uma coisa definida, é um primeiro estudo caso-controle que levanta a probabilidade de um risco”, o Dr. Cícero Martins, especialista em Oncologia Cutânea do Instituto Nacional de Câncer (Inca), explica.
Ele ainda pontua que apesar dos estudos de caso-controle serem importantes, eles possuem limitações relevantes.
Essas restrições se dão devido à forma que esse tipo de pesquisa é feita. Então, neste caso da tatuagem como fator de risco para o câncer, ela aconteceu da seguinte forma: em primeiro, os pesquisadores utilizaram bancos de dados disponíveis e coletaram informações de 11.905 pessoas.
Em seguida, elas foram divididas em dois grupos, um contendo pacientes de linfoma (os “casos”) e, outro, com indivíduos que não têm a doença (os “controles”). Ambos responderam um questionário.
Com as respostas, os pesquisadores compararam a frequência de tatuagens em cada grupo. No grupo com linfoma, mais pessoas tinham tatuagens (21%) do que no grupo sem a doença (18%). Essa diferença foi vista como uma sugestão de que tatuagens podem estar ligadas ao desenvolvimento do linfoma.
Porém, é importante saber que existir uma associação não significa, necessariamente, haver uma relação de causa e efeito. Diversos outros fatores podem influenciar o desenvolvimento do linfoma e o estudo de caso-controle não tem poder para isolá-los e determinar se a tatuagem realmente foi a causadora do câncer linfático. Por isso, o Dr. Martins afirma que é necessário realizar mais testes para validar essa hipótese e investigar se realmente há uma causalidade.
“O problema é que as pessoas já estão tirando isso como uma associação verdadeira e definitiva e não é, é apenas um gerador de hipótese. Temos que ter cuidado com isso”, ele alerta.
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As tintas realmente são perigosas?
O Dr. Cícero levanta preocupações sobre a segurança das tintas usadas para fazer a tatuagem, destacando a falta de regulamentação e a presença de substâncias que podem ser tóxicas.
“Isso pode acontecer sim. Tem vários problemas em relação às tintas e os pesquisadores colocam isso na discussão do estudo.”
O principal problema se deve porque não há uma regulamentação para essas tintas, então elas podem ser produzidas com diferentes materiais, além de também ser possível comprá-las em locais que não tomam os devidos cuidados.
“Diferentes cores estão associadas com diferentes materiais e parte desses materiais podem ser materiais pesados. Então, é muito difícil ter uma definição, mas há uma probabilidade do conteúdo dessas tintas, que é altamente heterogêneo, conter partículas que possam propiciar o desenvolvimento de um câncer, incluindo o linfoma.”
Essa heterogeneidade torna ainda mais desafiador determinar com precisão quais os riscos associados a cada tipo de tinta e cor.
O que fazer com essa informação?
Fique calmo: um único estudo, ainda mais de caso-controle, não é suficiente para tirar conclusões definitivas. Mais pesquisas, com diferentes metodologias, são necessárias para confirmar ou refutar a associação.
Converse com seu médico: se você tem preocupações com tatuagens e linfoma, busque orientação profissional. Um médico pode avaliar seu histórico individual e te auxiliar na tomada de decisões conscientes.
Lembre-se: tatuagens são uma forma de expressão pessoal/artística e, como qualquer procedimento estético, devem ser feitas com responsabilidade. Escolha um profissional qualificado e siga as instruções de cuidado adequadamente para minimizar riscos.
A ciência está em constante evolução, e a busca por respostas sobre os efeitos das tatuagens na saúde continua. Com o tempo e novas pesquisas, teremos um panorama mais completo e confiável sobre essa relação.
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Fatores de risco para linfoma
Embora a tatuagem ainda esteja em análise, de acordo com o INCA, há algumas condições já conhecidas e comprovadas que aumentam a probabilidade de alguém desenvolver esse câncer:
- Infecção pelo Vírus Epstein–Barr
- Infecção pelo vírus do HIV
- Infecção pelo vírus do HTLV1
- Infecção pela bactéria Helicobacter pylori
- Imunossupressão
- Tabagismo
- Exposição a algumas substâncias químicas, como alguns tipos de agrotóxicos e solventes.