Infecção bucal durante o câncer deve ser prevenida
Última atualização em 26 de julho de 2022
O comitê de odontologia da Abrale explica por que esse quadro é perigoso e como evitá-lo
Uma infecção bucal pode se desenvolver por diferentes motivos. Elas também podem ser graves e é possível que até interfiram no tratamento contra o câncer. E, apesar de existirem diversas possíveis soluções, manter os dentes, as gengivas e a língua limpos são a melhor forma de evitar que o quadro apareça.
Tanto a quimioterapia, quanto a radioterapia tendem a causar imunossupressão nos pacientes oncológicos. No caso das pessoas com doenças onco-hematológicas, o sistema imunológico é ainda mais afetado, especialmente durante a fase de preparo para o transplante de medula óssea.
Essa queda na imunidade, também conhecida como neutropenia, facilita o aparecimento de manifestações orais. Especificamente em relação ao tratamento quimioterápico, a neutropenia aparece alguns dias após o início do ciclo. Com isso, infecções bacterianas, fúngicas e virais têm muita facilidade de se instalar e causar sintomas mais intensos.
Outro fator que tem bastante influência no aparecimento das infecções orais é a xerostomia, que é a alteração da quantidade e qualidade da saliva
“A saliva desempenha um papel crucial na manutenção da saúde bucal, atuando na integridade dos dentes, fortalecendo o esmalte dental, evitando a formação de cáries, mantendo um ph neutro e inibindo a atividade microbiana. Também tem a função de limpeza, removendo os detritos alimentares que ficam aderidos aos dentes, de hidratação e proteção da gengiva e da mucosa bucal, que ajuda na manutenção da integridade das células e auxilia na digestão e deglutição”, diz Wolnei Santos Pereira, coordenador do Comitê de Odontologia da ABRALE.
Assim, quando o paciente tem xerostomia, todos esses pontos são afetados e a boca fica mais vulnerável a infecções, além de também poder interferir na qualidade de vida.
Principais infecções orais
Quando juntamos a presença dos vírus com fatores ambientais, com a higiene oral insatisfatória, há uma preocupação ainda maior.
Independentemente de qual agente é o responsável por causar a infecção bucal, quando esse quadro ocorre, é possível que os resultados do tratamento oncológico em si, sejam prejudicados. Além disso, pode causar complicações sistêmicas importantes, aumentando o tempo de internação, os custos do tratamento e afetando a qualidade de vida do paciente
Veja algumas delas:
- Infecção fúngica por candida albicans (candidíase)
Ocorre com frequência em pessoas que estão em tratamento contra o câncer devido a alterações na flora bucal, xerostomia e imunossupressão. Podem gerar quadros graves, dependendo do caso e estado clínico do paciente.
- Infecções virais pelo vírus do grupo da herpes
Podem ocorrer também por reativação de vírus latentes e outros grupos de vírus que causam lesões bucais.
- Infecções bacterianas
Acontecem por causa do crescimento excessivo de microorganismos que invadem a boca, causando abscessos e inflamações importantes.
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Cuidados com a infecção bucal no pós-tratamento oncológico
Geralmente, quando a quimioterapia chega ao fim, ela não deixa efeitos residuais no corpo. Então, os pacientes tendem a não ter novas infecções bucais por causa desses medicamentos.
Por outro lado, no caso da radioterapia, ela tem um efeito cumulativo e quanto mais longo o tratamento e mais alta a dose, maiores serão as reações adversas
no local. Portanto, visitas regulares ao cirurgião dentista, mesmo depois do fim das sessões, são muito importantes para a prevenção e o tratamento dessas condições.
6 hábitos para prevenir infecções bucais
- Realizar avaliação odontológica antes do início da quimioterapia ou da radioterapia
- Escovar os dentes com escovas de cerdas macias, ou ultramacias, após todas as refeições
- Passar delicadamente o fio dental, pelo menos uma vez por dia
- Manter-se bem hidratado
- Fazer uso de saliva artificial e/ou lubrificantes orais, para manter a mucosa protegida
- Usar protetor labial à base de água para evitar o ressecamento