Campeonato Brasileiro da Doação de Sangue
Última atualização em 28 de julho de 2023
A campanha Sangue Torcedor reuniu 24 times de futebol para aumentar os estoques dos hemocentros de todo o país
Esse simples ato pode salvar muitas vidas, mas infelizmente são poucas as pessoas no Brasil que realizam a doação voluntariamente, por isso a campanha precisava tocar o coração da população. E o que mais chama a atenção da maior parte dos brasileiros? O futebol.
Este esporte conta com a paixão de milhões de pessoas, muitas delas capazes de fazer qualquer coisa em nome de seu clube do coração. A partir dessa ideia, foram reunidos 24 times do futebol brasileiro, dentre eles: Flamengo, Botafogo, Fluminense, Vasco, Santos, São Paulo, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Sport.
Juntos, convocaram suas torcidas para irem até os hemocentros e darem sangue pelo clube. Esse foi o primeiro “Brasileirão” de doação de sangue, porém, nessa competição, quem vence é a vida!
Como o sangue é estocado?
Bem, depois de muitas doações de sangue realizadas, todo este material será armazenado nos hemocentros, utilizando técnicas e cuidados especiais.
Dr. Eliseo Sekiya, diretor científico do Instituto Hemomed, explica que o sangue doado é chamado de “sangue total”. Isso porque é um sangue completo, contendo todos os componentes: hemácias, plaquetas, glóbulos brancos e plasma.
“Para que esses componentes tenham efeito terapêutico, nós temos um tempo máximo para separá-los por meio de um procedimento chamado fracionamento”, conta Dr. Sekiya.
Ele diz que para o concentrado de hemácias, a separação deve ser feita até seis horas após a doação. Sendo que elas devem ser mantidas sob refrigeração.
Já o concentrado de plaquetas deve ficar em temperatura ambiente e em constante agitação. Fazer isso evita que elas se juntem e percam suas propriedades.
Enquanto que o concentrado de plasma, a parte líquida do sangue, é rico nos fatores de coagulação. Para que eles não percam eficácia, precisam ser congelados logo depois da doação.
Por outro lado, os glóbulos brancos (leucócitos e linfócitos), muitas vezes, não são interessantes para quem vai receber o sangue. É possível até que a pessoa receba indicação de um concentrado desleucocitado, ou seja, sem os leucócitos.
“O glóbulo branco funciona bem para a pessoa que está doando sangue, é uma célula de defesa dela. Mas quando ele é transfundindo em um paciente, pode causar alguma reação transfusional. Esse desleucocitado é obtido por meio da filtragem do sangue”, diz o especialista. Aliás, a mesma situação pode acontecer com os linfócitos. Como eles também podem causar alguma reação adversa, podem ser retirados com irradiação.
Como é garantida a segurança na transfusão de sangue?
Juntamente com a doação, são coletados tubos de amostras sanguíneas. Enquanto a bolsa vai passar por todo o processo mencionado, as amostras são levadas até um laboratório especializado. Elas serão, então, testadas para doenças transmissíveis por doação além de passarem pela tipagem sanguínea e pesquisa de anticorpos.
“Mesmo se a pessoa já doou várias vezes, o sangue dela vai passar por esses testes porque isso garante a segurança nesse processo”, conta o Dr. Sekiya. São feitos testes para Aids, Hepatites B e C, sífilis, doença de Chagas, vírus HTLV, anemia falciforme e a pesquisa de anticorpos irregulares.
Os concentrados do sangue que foram armazenados ficam em quarentena até saírem os resultados. Somente após todos os testes darem negativo é que a bolsa de sangue recebe um rótulo contendo todas as informações de segurança. Em seguida, ela é liberada para as agências de transfusão e fica no banco de sangue pronta para ser utilizada.
Transfusão de sangue durante o tratamento oncológico.
Segundo o Observatório de Oncologia, um paciente em tratamento de câncer pode precisar de transfusão por vários motivos e em diversos momentos. Primeiramente, pode ser devido à perda de sangue durante uma cirurgia para retirada do tumor, que costuma ser demorada.
Ou ainda, alguns tipos de câncer podem causar hemorragia interna, gerando uma queda de glóbulos vermelhos (hemácias) no organismo. Mas, o motivo mais comum que leva os pacientes oncológicos a precisarem de transfusão é o próprio tratamento.
A quimioterapia e a radioterapia atacam qualquer célula que se multiplique rapidamente, inclusive células saudáveis, podendo afetar a medula óssea, por exemplo. Como consequência disso, pode haver uma queda nos glóbulos brancos e plaquetas, aumentando o risco de infecções e sangramentos.
Como o sangue é um tecido vivo que ainda não é produzido comercialmente, o único jeito de receber esse líquido é por meio da transfusão. Que por sua vez, depende da doação de sangue.
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