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Novos tratamentos da leucemia mieloide aguda estão a caminho

Novo tratamento da tratamento da leucemia mieloide aguda
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Última atualização em 2 de maio de 2022

Pacientes que não podem realizar quimioterapia intensiva serão os mais beneficiados

Estudos apresentados em um importante congresso indicam que o  tratamento da leucemia mieloide aguda (LMA) contará com novos medicamentos e protocolos em um futuro próximo. Além disso, outras pesquisas expostas demonstraram os resultados de algumas drogas, que foram recém-aprovadas, quando administradas em uma maior quantidade de pacientes.

Essas análises foram apresentadas na 63ª edição do  Encontro Anual da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), que aconteceu no final de 2021. Esse é o principal evento da área da Hematologia, durante o qual os médicos compartilham, debatem e apresentam resultados dos trabalhos científicos realizados sobre tratamentos para esses tipos de doenças.

“De uma forma geral, as novidades do ASH para LMA foram muito mais no sentido de apresentar estudos que, provavelmente, serão base para estudos maiores, com maiores repercussões clínicas em um futuro próximo. E, na outra ponta, tivemos pesquisas relacionadas ao uso de algumas drogas recém-aprovadas no tratamento da LMA em dados que nós chamamos de ‘estudo de vida real’, que demonstram como essas drogas atuaram em grandes populações de grandes centros norte-americanos e em outras regiões do mundo”, descreve brevemente o Dr. Evandro Fagundes, médico hematologista do Grupo Oncoclínicas.

Segundo o médico, esses estudos focaram, principalmente, em pacientes não elegíveis à quimioterapia intensiva de indução e/ou idosos.

Novidades no tratamento da leucemia mieloide aguda para:

Gene FLT3 mutado 

O Dr. Fagundes ressalta duas pesquisas que avaliaram protocolos de tratamentos da LMA com o gilteritinibe para esses casos. Essa droga já é utilizada para pacientes com o gene FLT3 mutado, entretanto havia o interesse de entender como ela se comporta quando incluída em diferentes protocolos a fim de trazer resultados ainda melhores.

Médicos pesquisando tratamento da leucemia mieloide aguda

No primeiro estudo, foi analisado o gilteritinibe em associação com a azacitidina versus a azacitidina sozinha. Os pacientes eram adultos recém-diagnosticados inelegíveis à quimioterapia intensiva de indução.

De acordo com o hematologista, os resultados trouxeram um certo desapontamento. Isso aconteceu porque, aquelas pessoas que tomaram gilteritinibe + azacitidina até apresentaram uma boa resposta. Mas, a sobrevida global foi muito semelhante à sobrevida do grupo que tomou somente azacitidina. 

“Se eu tiver, hoje, um paciente inelegível à quimioterapia por comorbidade ou idoso, que seja FLT3 positivo e, teoricamente, com indicação de usar o gilteritinibe em primeira linha, a gente vê que essa droga não acrescenta, em termos de sobrevida global, quando comparada com azacitidina sozinha”, ele diz.

Por outro lado, em um segundo estudo foi avaliado um outro protocolo, também contendo gilteritinibe, mas, dessa vez, ele foi associado a outras duas drogas: azacitidina e venetoclax. A pesquisa também foi feita com pacientes com FLT3 presente e inelegíveis à quimioterapia intensiva.

Os resultados ainda são muito preliminares, pois o número de voluntários avaliados foi pequeno. Mas, o Dr. Fagundes prevê que “provavelmente, com estudos mais robustos sendo apresentados e publicados, é possível que essa combinação tríplice se torne o padrão de tratamento.”

Gene TP53 mutado

O magrolimabe é um medicamento estudado e mencionado no ASH há alguns anos, para pacientes com LMA de alto risco, por exemplo com a mutação do gene TP53, e foi analisado dentro de uma nova abordagem terapêutica. Essa droga é um anticorpo anti-CD47 e funciona permitindo que os macrófagos, células de defesa, fagocitem (“comam”) a célula leucêmica. 

O teste foi um estudo de fase 2 que contou com um total de 38 pacientes, dentre eles havia pessoas que ainda não tinham realizado nenhum tratamento e também que tinham doença recidivada e/ou refratária.

“O que importa aqui é que esse estudo nos fornece um insight promissor para o futuro, no sentido que a combinação dessas drogas parece ser segura e tolerada pelos pacientes. Se estudos de fase 3, principalmente comparando essa combinação tríplice com o protocolo padrão hoje de tratamento, que é venetoclax e azacitidina, mostrarem efetividade, é possível que o magrolimabe entre, definitivamente, no arsenal para os pacientes com LMA”, o médico afirma.

Gene IDH1 mutado

Um importante estudo de fase 3 analisou a combinação de azacitidina com o ivosidenib, um inibidor de IDH1 que ainda não está disponível no Brasil. Nessa pesquisa, os pacientes foram separados em dois grupos. Enquanto um tomou ivosidenib + azacitidina, o outro tomou azacitidina + placebo

Ao comparar os resultados dos dois grupos, aquele que realizou o tratamento com ivosidenib demonstrou respostas extremamente positivas.

“Foram resultados com ganho de sobrevida extremamente satisfatórios. A questão fundamental é que essa droga tem um alvo específico, ela se aplica fundamentalmente para aqueles pacientes que têm a mutação do IDH1. Isso, talvez, represente cerca de, no máximo, 5% dos pacientes com LMA. Mas, os resultados do estudo de fase 3 foram muito interessantes para essa população”, o especialista fala.

Leia também:

Tratamento da leucemia mieloide aguda no Brasil

Tanto o gilteritinibe, quanto o venetoclax já foram aprovados pela Anvisa. O primeiro tem indicação para pacientes com LMA FLT3 positivo no cenário de recidiva ou refratariedade como monoterapia. Já o segundo, pode ser utilizado em primeira linha para pacientes inelegíveis à quimioterapia intensiva em combinação com azacitidina ou citarabina em baixas doses. 

Tratamento para LMA aprovado

Apesar de já ter aprovação, o gilteritinibe ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde. O venetoclax pode ser encontrado na rede pública e privada.

“No ponto de vista de saúde suplementar, depende do rol mínimo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), porque são drogas orais, nós temos o venetoclax nas mesmas condições da bula da Anvisa e ainda não temos a incorporação do gilteritinibe”, o Dr. Evandro Fagundes explica.

O ivosidenib e o magrolimabe ainda não tem aprovação no Brasil.


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