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Duda Dornela descobriu uma leucemia meses antes de seu casamento e hoje conta sua história na TV Globo

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Conheça a história de Duda Dornela, que teve leucemia, participou da comemoração dos 60 anos da TV Globo e conheceu Carolina Dieckmmann

Escrito por: Juliana Matias

Em suas Bodas de Estanho, que comemoram os 10 anos de casamento, Duda Dornela também completou uma década do diagnóstico de uma leucemia mieloide crônica (LMC). A partir de um convite da Abrale, o presente foi sua participação no programa “É de Casa”, da Globo, durante o aniversário de 60 anos da emissora, para contar as similaridades de sua jornada contra o câncer e da personagem Camila, interpretada por Carolina Dieckmmann em Laços de Família, que também tinha uma leucemia na novela. 

Os exames pré-nupciais

Em janeiro de 2015, Duda estava com 24 anos e fazia um check-up antes do casamento, que aconteceria em maio do mesmo ano. A médica, ao apalpar seu baço, notou que ele estava levemente aumentado, porém, nesse momento, não informou isso à Duda e solicitou exames de sangue. 

Depois da coleta, Duda recebeu uma ligação do laboratório, que solicitava que ela fosse imediatamente buscar os exames e levá-los ao médico mais próximo. “Quando eles falaram isso, eu imaginei várias outras coisas, mas eu não imaginava que era uma leucemia”, lembra.

Os exames mostraram que ela estava com as plaquetas muito altas. Quando pegou os exames, Duda levou-os imediatamente para a médica.

“Ela já perguntou se eu estava sozinha ou não, aí meu marido, na época meu noivo, estava junto comigo, e ela falou: ‘Olha, eu discuti seu caso e tudo indica que você está com leucemia’”, narra.

Nesse momento, Duda pensou que talvez seus exames estivessem errados, mas a médica reiterou que as análises foram repetidas algumas vezes e a encaminhou para a hematologista.

“Eu fiquei desesperada porque a primeira coisa que veio na minha cabeça era ‘ou eu vou morrer e não vou casar’ ‘ou eu vou casar careca’”, lembra e acrescenta: “Me veio na cabeça a novela Laços de Família. Quando ela falou em leucemia, veio a novela da Camila”. Depois de mais alguns exames, Duda foi diagnosticada com leucemia mieloide crônica (LMC). 

Após o diagnóstico, ela começou a tomar o remédio Imatinibe, que impede que a medula produza as células doentes, e não teve muitas intercorrências com o uso. Com três meses tomando o medicamento, seus exames não mostravam mais a existência de mutações celulares cancerígenas. 

“Estava indo bem o tratamento, me casei com um cabelão grande, bonito, isso foi em maio. Em janeiro eu descobri, em maio eu me casei. Até então ninguém sabia da doença em si”, narra.

“Estava indo bem o tratamento, me casei com um cabelão grande, bonito, isso foi em maio. Em janeiro eu descobri, em maio eu me casei. Até então ninguém sabia da doença em si”, narra.

Porém, depois da lua de mel de Duda, os exames começaram a apresentar pequenas alterações e a hematologista trocou seu medicamento. Ela conta que sua resposta ao novo remédio também foi positiva, porém sua LMC, no momento do diagnóstico, estava em fase acelerada e poderia virar uma crise blástica. 

Transplante de medula óssea para leucemia mieloide crônica

Quando uma leucemia crônica vira uma crise blástica, ela se comporta como uma leucemia aguda. Assim, a médica de Duda entendeu que o mais indicado era a realização de um transplante de medula óssea, já que ela tinha boas condições clínicas. 

“Eu consegui achar dois doadores 100% compatíveis e aí eu fiz o transplante, foi um momento muito delicado”, conta. “Na época a novela Laços de Família reprisou, então eu vi de novo e senti na pele todos os processos do transplante de medula óssea”.

Duda recorda que, após o transplante, se sentiu insegura com todos os processos e informações. Ela então buscou conhecer e conversar com outros pacientes em busca de apoio.

Com 100 dias do transplante, Duda teve uma recidiva do câncer e ele se tornou uma crise blástica, ou seja, uma leucemia aguda. Antes da crise, o exame que mostra, em porcentagem, se a medula doada pegou estava em 100%.

“Ela chegou a cair para 13% e esse foi um momento muito difícil, porque os médicos falaram: ‘a chance de voltar é zero, então vamos ter que te encaminhar para um segundo transplante’”, narra. Nesse momento, Duda conta que os médicos tentaram testar um protocolo e ela voltou a tomar o remédio Dasatinibe. 

“De repente a medula foi voltando e a doença foi sumindo até chegar a zero. Os médicos não estavam acreditando que a medula poderia voltar”, ressalta. 

Logo depois, Duda teve a doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHB) na pele e a reativação do citomegalovírus no intestino. A doença do enxerto contra o hospedeiro é uma reação imunológica que acontece quando as células do paciente estranham as células do doador e passam a atacar os órgãos do paciente. 

Já o citomegalovírus é um vírus comum que pertence à família da Herpes (catapora, herpes simples, herpes genital e do herpes-zóster). Normalmente, esse vírus permanece adormecido, porém, em pessoas imunossuprimidas ele pode se reativar.

Quando isso acontece, a pessoa tem sintomas como: febre, dores musculares, vômitos, falta de ar, alterações na vista, cegueira, entre outros sinais.

“Com isso, eu também tive um derrame porque o Dasatinibe começou a dar interferência na minha medula nova e aí os médicos decidiram trocar para o Nilotinibe”, conta.

Hoje em dia, a medula transplantada pegou 100% e Duda não apresenta nenhum sinal da leucemia. “Estou aí viva até hoje, agradecendo muito a Deus por esse milagre de estar aqui”, ressalta.

Dificuldades e aprendizados durante a jornada

Durante sua jornada de tratamento contra a leucemia, Duda entrou em contato com outros pacientes que passavam pelos mesmos procedimentos que ela. “Eu fiz uma amiga que me deu todas as forças, ela também tinha tido uma recaída pós-transplante. A gente se apoiou uma na outra”, lembra.

Essa amiga de Duda, enquanto estava em tratamento, faleceu e, para ela, foi difícil lidar com o luto e com a jornada contra o câncer. “Para mim foi muito difícil lidar com a morte dela, ela era a paciente que me ajudava e que estava muito próxima de mim”, lamenta.

Nesse momento, Duda vivenciou o luto e entendeu que “na nossa vida existe um propósito, cada um nessa terra está aqui por um propósito maior, e que se Deus permitiu que ela vivenciasse tudo e que mesmo assim não sobrevivesse, é porque não existe o porquê, a explicação científica, o propósito dela terminou aqui”, relata. 

Para ela, foi fundamental entender que “o diagnóstico não é sentença de morte, nunca podemos perder a fé”. Além disso, Duda tentava não comparar sua jornada com as vivências de outras pessoas.

“Eu sempre tentava não me comparar com a situação”, afirma e aconselha: “Eu acho que a gente tem que se apoiar em histórias de esperança e sempre entender que a fé pode mudar a nossa vida”.


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