A dieta vegana ou vegetariana reduz a chance de câncer?
A ciência já provou que carnes ultraprocessadas aumentam o risco para a doença. Então dietas veganas ou vegetarianas diminuem a exposição? Entenda
Desde 2007, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) recomenda que não se consuma carnes ultraprocessadas. Já para a Organização Mundial de Saúde (OMS), as carnes vermelhas são classificadas como um provável fator de risco para câncer. Isso significa que dietas veganas e vegetarianas podem reduzir o risco de alguns tipos de câncer?
Bianca Manzoli, nutricionista oncológica do Hospital das Clínicas de SP (HCFMUSP) e coordenadora do Comitê de Nutrição da Abrale, explica que uma dieta vegana ou vegetariana pode reduzir o risco de vários tipos de câncer, como os de intestino, mama e pulmão.
Alimentos como vegetais, frutas, cereais integrais e leguminosas “trazem fibras, vitaminas e compostos protetores que favorecem o equilíbrio do corpo e ajudam a controlar o peso, um dos fatores mais importantes na prevenção do câncer”, conta a nutricionista.
Segundo Manzoli, as fibras, quando são processadas no corpo, se transformam em ácidos graxos de cadeia curta. Esses ácidos graxos são capazes de regular e equilibrar as funções do sistema imunológico e, assim, ele mantém sua capacidade de encontrar e matar as células cancerígenas.
“Já os alimentos ricos em vitaminas C, E, carotenoides e flavonoides “reduzem o dano oxidativo ao DNA”, relata a nutricionista. Algumas substâncias naturais também reduzem inflamações crônicas, responsáveis por aumentar o risco de câncer.
Ou seja, alguns alimentos não prejudicam o DNA e ainda reforçam o sistema imune para que ele mate células danificadas.
A carne pode causar câncer?
Segundo o INCA, carnes vermelhas são boas fontes de nutrientes, porém, quando consumidas em excesso, podem facilitar o desenvolvimento de câncer no intestino (cólon e reto). Manzoli afirma que “o risco está ligado principalmente à quantidade e à forma de preparo”.
Uma das principais substâncias prejudiciais, conforme o INCA, é o ferro heme. Quando é processado, ele gera moléculas químicas não combinadas —os chamados radicais livres— que têm grande tendência de se combinarem com outros compostos, buscando estabilidade. Por isso, “o ferro heme pode causar mutações no DNA”, conta a nutricionista.
As carnes ultraprocessadas, como salsichas, presuntos, linguiças e bacon, também contém alto teor de sal que, conforme Manzoli, pode causar danos na mucosa do estômago. Isso favorece inflamações e a entrada de bactérias que estão relacionadas com o câncer do estômago.
Ou seja, as carnes processadas além de terem potencial para alterar o DNA, também podem criar um ambiente mais propício para o desenvolvimento de doenças.
“Esses fatores aumentam comprovadamente o risco de câncer colorretal e gástrico, levando a OMS a classificar carne processada como carcinogênica e carne vermelha como provavelmente carcinogênica”, ressalta a nutricionista.
Se é vegetal, é automaticamente saudável?
Manzoli frisa que o “simples fato de um alimento ser ‘de origem vegetal’ não o torna automaticamente saudável. O que realmente importa é o grau de processamento e o valor nutricional”.
As batatas fritas, por exemplo, por passar por altas temperaturas de cozimento e serem altas em gorduras e em sal, podem aumentar o risco de câncer e de doenças crônicas, conforme a nutricionista.
“O ideal é dar preferência a alimentos naturais e variados, preparados de forma simples, como legumes assados, feijões, frutas e verduras frescas”, recomenda Manzoli.
Como prevenir o câncer por meio da alimentação?
Uma alimentação equilibrada pode ajudar a prevenir o câncer, segundo o INCA. Para a nutricionista, “a melhor proteção vem de um conjunto de escolhas diárias”.
No dia a dia, Manzoli recomenda comer:
- Frutas, verduras, legumes e leguminosas: têm muitas fibras e moléculas que podem estabilizar os radicais livres;
- Cereais integrais: regulam o metabolismo;
- Castanhas e sementes;
- Chás e especiarias;
- Água: fundamental para o bom funcionamento do organismo.





