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Cuidados Paliativos, muito além da finitude

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Última atualização em 29 de julho de 2021

Diferente do que muitos pensam, este conjunto de práticas terapêuticas tratam a vida do paciente, seu sentido e significado


Escrito por: Natália Mancini
Ter acesso aos Cuidados Paliativos é um direito de qualquer paciente oncológico! Eles podem ajudar quem está em tratamento, e também sua família, a lidar com todas as situações que a doença irá impor. Mas, para isso, é preciso perder o preconceito.

É muito importante desmistificar a negatividade que estas práticas terapêuticas carregam no imaginário das pessoas. No senso comum, se o paciente está sob Cuidados Paliativos é porque o tratamento não foi eficaz. Mas, não é bem assim!

De alguns anos para cá, os objetivos e o momento no qual esses cuidados são iniciados mudaram. Antigamente, eles eram inseridos quando a saúde do paciente se complicava – e até mesmo quando não havia mais opções. Enquanto que, hoje em dia, a equipe de Cuidados Paliativos já começa a trabalhar com o paciente no momento do diagnóstico.

Mônica Estuque, gestora em Cuidados Paliativos do Instituto Paliar aponta que o diagnóstico já causa um grande impacto na vida, perspectiva e planejamento futuro do paciente. Por isso, é preciso que a prática já seja introduzida para dar um apoio e orientação.

“Nesse momento, os cuidados têm um impacto menor e uma aparição menos incrementada. Isso porque, no início do tratamento tentamos mudar a repercussão da doença na vida do indivíduo. Sempre pensando na qualidade de vida e processo de adoecimento”, explica ela.

Esses cuidados são um direito de todos os pacientes oncológicos, pois visam garantir que eles recebam um tratamento correto e humanizado. Dessa forma, a própria pessoa ou seus familiares podem solicitar esse direito. Inclusive, em hospitais públicos de referência e nos centros de atendimento particulares já existem profissionais de Cuidados Paliativos inseridos na equipe multidisciplinar.

O problema, entretanto, é que ainda há um grande tabu na sociedade. “A procura ativa por essa abordagem ainda é pequena no Brasil. Isso acontece pois ainda há um pré-conceito associando os cuidados à terminalidade, falência terapêutica e falecimento”, diz Mônica.

Cuidados paliativos em Oncologia

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Os Cuidados Paliativos são vistos como um complemento a um tratamento modificador da doença ou a uma proposta curativa. Dessa forma, é importante que o profissional paliativista trabalhe sempre em conjunto com o médico oncologista, o paciente e a família. Juntos, eles vão analisar como garantir que o paciente tenha durante todo o tratamento qualidade de vida, conforto, alívio do sofrimento e seus sintomas controlados.

Mônica diz que o desconforto e o incômodo apresentado pelo paciente e familiares em falar sobre esse assunto é um problema. Por isso, o profissional paliativista precisa ter uma leveza ao conversar com essas pessoas sobre o que são Cuidados Paliativos.

Ela conta que “quando vamos conversar com um paciente, falamos sobre a percepção que ele tem tido sobre o tratamento ao qual está sendo submetido. Além de quais mudanças ele tem percebido na sua vida, o que o câncer trouxe e se ele tem apresentado uma melhora”.

Porém, a questão do tratamento estar dando certo não é a mais importante para os Cuidados Paliativos. O relevante é o paciente entender que vai viver com conforto e sem sofrimento o resto de sua vida.

Cuidados Paliativos não é falar sobre morte

cuidados paliativos, cuidados paliativos em oncologia, o que é tratamento paliativo, cuidado paliativo, paliativo cancer, finitude, o que são cuidados paliativos, paliativo“Não falamos de morte, falamos sobre vida. Qual possibilidade temos de viver e viver bem os dias que temos. Independente de quantos dias sejam. Falamos que vida é essa e que significado a vida dessa pessoa tem para ela. Assim como as pessoas que a cercam. Quais possibilidades e perspectivas temos de mudar essa situação. Também falamos o que está incomodando o paciente e seus sofrimentos e desejos naquele momento”, de acordo com a especialista.

A finitude da vida é um processo natural e acontece com todos. Isso independente da doença e é preciso parar de tratá-la como uma inimiga. É necessário fazer uma inversão, não pensar na questão da separação, da ausência física, mas sim de viver bem e com alegria.

“Não temos que nos preocupar em dar dias para a vida das pessoas. Mas sim dar vida para os dias”, ressalta Mônica.

Cuidados Paliativos e o luto

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Como a finitude da vida é considerada um assunto “pesado”, as pessoas fazem de conta que ela não existe.  Mas, ela acontece independente da nossa vontade. Desde o dia em que nascemos, nos aproximamos cada vez mais dela. Por isso é importante que seja vivida uma vida harmônica e que te faça feliz, sempre aproveitando o que temos.

“É um processo irreversível, eu acho que é um grande trabalho podermos entender isso como um evento natural na vida das pessoas. Isso,  nos faz pensar na importância de vivermos bem, de uma forma equilibrada. Além de nos permitir realmente aproveitar o que temos”, aconselha a profissional.

Desde o início dos Cuidados Paliativos, o profissional trabalha o paciente e o familiar como um binômio. Dessa forma, é possível acompanhar os familiares neste processo do adoecimento e tratamento. Isso possibilita que o paliativista esteja perto dessas pessoas, ajudando e auxiliando no enfrentamento da ausência.

“Nós entendemos, aprendemos e aceitamos com a busca mecanismos e estratégias de cuidados para o enfrentamento da ausência física do outro. Mas, quando as pessoas são acompanhadas, recebem uma abordagem terapêutica efetiva, apoio, suporte e acolhimento. Pensamos numa outra perspectiva. Ela olha de que jeito eu vou poder viver e dar continuidade na minha vida na perspectiva da ausência física do outro. Quais são os mecanismos que eu tenho para continuar minha vida e estabilidade sem essa pessoa estar mais comigo”, finaliza Mônica.

 

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