Herpes zoster e câncer: qual a ligação e tratamentos
Última atualização em 7 de março de 2024
Esse quadro pode afetar pacientes oncológicos devido à queda na imunidade, causando sintomas como lesões cutâneas, febre e dor intensa. Medidas preventivas e tratamentos específicos podem ser essenciais para minimizar complicações
A herpes zoster é uma infecção causada pela reativação do vírus varicella-zoster (VVZ), que é o mesmo causador da varicela, popularmente conhecida como catapora. Essa reativação acontece, principalmente, quando há uma queda na imunidade da pessoa, como ocorre com quem está em tratamento do câncer. Por isso, é muito importante investigar se o paciente precisa realizar a prevenção e, caso necessário, iniciar a terapia rapidamente.
Antes de entender mais sobre a herpes zoster, é importante entender um pouco mais sobre a herpes e seus causadores de uma maneira mais ampla.
Os vírus da herpes fazem parte de uma família e oito deles podem causar doenças nos humanos. Os principais são o tipo 1, 2 e 3. Nos três casos, acontece uma infecção inicial e, após a cura dos sintomas, os vírus permanecem latentes no corpo por anos. Eles podem se reativar se a pessoa enfrentar uma queda na imunidade.
O vírus da herpes tipo 1 é responsável pela herpes labial, caracterizada pela vermelhidão, ardor e pequenas bolhas na região dos lábios ou na parte interna da boca. A transmissão, geralmente, ocorre durante a infância por meio do contato com o vírus em secreções orais, como tosse e espirro.
Já o vírus da herpes tipo 2 é o principal causador do quadro de herpes genital, no qual os principais sintomas também incluem vermelhidão, ardor e pequenas bolhas, mas a diferença é que elas aparecem na região da vulva, pênis ou ânus, ou ainda em regiões como nádegas e virilha.
Por último, o vírus da herpes tipo 3 é o responsável pela varicela (catapora) e pela herpes zoster.
O que é herpes zoster?
De forma geral, a herpes zoster é uma doença que acontece quando o vírus da varicela (catapora) é reativado. Apesar de ser o mesmo causador, os quadros são diferentes, apresentando sintomas, epidemiologia e complicações distintas.
As pessoas, geralmente, são expostas ao vírus varicella-zoster na infância, quando pegam catapora. Essa doença é caracterizada por sintomas como: manchas vermelhas e bolhas no corpo, mal estar, cansaço, dor de cabeça, perda de apetite e febre baixa.
Esses sinais permanecem, em média, por duas semanas e depois desaparecem. Mas a cura deles não significa a eliminação do vírus do corpo. Isso acontece porque, durante o período inicial da catapora, o VVZ invade as terminações nervosas da pele, migra para as cadeias de gânglios e fica adormecido lá por anos.
Na maioria dos casos, uma pessoa que se curou da catapora não terá problemas com o vírus para o resto da vida. Entretanto, quando a imunidade desse indivíduo estiver baixa, seja devido ao envelhecimento ou a uma doença, como o câncer, há a possibilidade de o vírus reativar e causar a herpes zoster.
Outra forma de contrair o vírus é pelo contato com as lesões da pele de alguém que está com a doença ativa. Por isso, para evitar o contágio, recomenda-se não dividir toalhas ou lençóis, especialmente se a bolha estourar e, caso ela venha a estourar, cobri-la com uma gaze.
Sintomas de herpes zoster
Os mais comuns são:
- Lesões cutâneas
- Ardor e coceira no local
- Febre
- Cefaleia
- Mal-estar
- Dor intensa no local das lesões
- Parestesias: formigamento, agulhadas, adormecimento, sensação de pressão etc.
Uma diferença muito importante entre as lesões causadas pela catapora e pela herpes zoster, é a forma que elas se espalham.
Enquanto as lesões da catapora podem ser encontradas em partes diferentes do corpo, as da herpes ficam restritas a um lado do corpo, pois elas acompanham o nervo em que elas se originaram. Então, uma lesão que se iniciou, por exemplo, no meio das costas, pode vir avançando pelo lado esquerdo do tronco, chegando à região do esterno, mas nunca irá passar para o lado direito.
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Herpes zoster e câncer
Tanto o câncer em si, quanto os tratamentos realizados para combatê-lo podem causar uma imunossupressão e isso ser um gatilho para a reativação do vírus. Vale ressaltar que isso ocorre apenas se o paciente teve contato prévio com o VVZ.
“Esse vírus fica guardado no nosso corpo e, em situações nas quais a imunidade cai, como pode acontecer ao longo do tratamento, o paciente pode passar a ter o zoster”, a Drª. Juliana Dall’Agnol, médica hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, reforça.
Ela explica que, nesses casos, os sintomas podem ser mais intensos e, a depender das condições do paciente, mais perigosos. Dentre as principais complicações está a neuralgia, que é uma inflamação dos nervos.
“Por isso que a pessoa pode ter dor e essa dor aparece no lugar onde estão as lesões”, a Drª. Dall’Agnol complementa.
A médica ainda conta que, dentro desse grupo, há alguns tipos de cânceres e tratamentos que representam uma maior probabilidade da reativação do vírus e aparecimento da herpes zoster. Isso acontece principalmente no caso dos linfomas, leucemias agudas e em pacientes que foram submetidos ao transplante de medula óssea e/ou a altas doses de quimioterapia.
“Então, apareceu manchas na pele e está com dor, procura o seu hemato e seu hemato vai avaliar a localização e verificar se a indicação é fazer o tratamento via oral ou endovenoso”, ela afirma.
Prevenção
O tratamento profilático é feito tanto para a herpes zoster, quanto para a comum, mas ele tem um foco maior na zoster.
“Normalmente, no Brasil, a gente vai usar dois remédios, que é o aciclovir ou o valaciclovir. A ideia é oferecer esses remédios justamente para os pacientes que fizeram tratamentos que causam imunossupressão”, a especialista diz.
Também é muito importante que o médico questione o paciente se ele teve catapora e/ou se ele foi vacinado.
No caso da vacina contra herpes zoster, a única que pode ser utilizada por quem está passando por um tratamento do câncer é a recombinante. No Brasil, ela está disponível somente nas clínicas particulares.
“Não temos muitos estudos claros falando qual o papel da vacina no tratamento, mas no pós-transplante, temos estudos grandes e importantes falando da importância de associarmos o uso da vacina com a profilaxia antiviral. É sempre importante, antes de vacinar, conversar com o seu médico para entender qual é o seu caso”, a Drª. Dall’Agnol recomenda.
Ela ainda alerta que é fundamental realizar o esquema vacinal completo, tomando todas as doses indicadas.
Tratamento para herpes zoster
Há três principais remédios para tratar o quadro, são eles: aciclovir, valaciclovir e fanciclovir. A diferença entre o tratamento com cada um deles é a dosagem e a forma de administração.
“Com o aciclovir, o paciente vai tomar 800 mg cinco vezes ao dia. Já com o valaciclovir, ele vai tomar 1g de oito em oito horas e com o fanciclovir vai tomar três vezes ao dia 500 mg. A diferença é na posologia, a eficácia é a mesma e, normalmente, a duração é de sete dias”, a médica descreve.
Na maioria das vezes, o paciente toma o medicamento via oral, ou seja, em comprimido. Mas em casos de neurite óptica, a administração pode ser endovenosa.
A doutora complementa que, se houver dor neuropática, também podem ser prescritos remédios para analgesia. Dentre as opções está a dipirona, paracetamol ou ainda medicações mais fortes, como o tylex.
“O que parece simples, como uma manchinha na pele ou uma dor que começou de repente ou parece muscular, pode ser mais complicado. Valorize seus sintomas e confie em você”, a Dra. Juliana Dall’Agnol orienta.
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Em 2016, eu sobrevivi a Herpes Zoster, e meu caso além de ser raro, é grave, não só onde eu tenho a Zoster, mas principalmente por conta das sérias consequencias. Tenho Herpes Zoster dentro e fora do cerebro, e as consequencias, além de ter perdido paladar e olfato, tenho convulsão se minha imunidade tiver baixa, e se não for socorrida em até 3 minutos, corro risco de vida.
Olá, Barbara, como vai?
Obrigada por compartilhar a sua experiência conosco e com outros pacientes!
Desejamos muita força ao longo de toda a sua jornada ❤️
Abraços!