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As novidades da terapia CAR-T Cell apresentadas no Congresso EHA 2023

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Última atualização em 30 de agosto de 2023

Estudos mostraram altas taxas de resposta, mas cuidados são necessários devido a efeitos colaterais

Escrito por: Natália Mancini

O Congresso EHA 2023, da Associação Europeia de Hematologia, reuniu pesquisas inovadoras e desdobramentos de estudos que já estavam em andamento no campo da terapia CAR-T Cell para tratamento dos linfomas e mieloma múltiplo. 

No congresso, foram destacados avanços significativos no enfrentamento de alguns dos subtipos de linfoma mais agressivo, como o linfoma de células do manto recaído, linfoma primário do sistema nervoso central (SNC) e o linfomas difusos de grandes células B refratário.

Além disso, outro estudo de grande relevância foi o CARTITUDE-4, para pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que já realizaram de uma a três linhas de tratamento.

  • Linfoma de Células do Manto Recaído – brexu-cel (brexucabtagene autoleucel)

Neste estudo foram avaliadas evidências de mundo real a partir de dados que foram registrados CIBMTR® (Center for International Blood & Marrow Transplant Research®), maior centro de registro de transplantes de células tronco.

Tratamento car-t cell

Foram incluídos pacientes com mediana de 69 anos e que já haviam feito uma mediana de quatro tratamentos prévios. O objetivo era avaliar se a quantidade e tipos de terapias realizadas antes da CAR-T Cell influenciava no resultado.

90% dos pacientes alcançaram resposta global, sendo 78% remissão completa. Já a taxa de sobrevida livre de progressão em 12 meses foi de 61%. 

Dentre os efeitos colaterais mais significativos, 88% dos pacientes apresentaram síndrome inflamatória sistêmica (uma espécie de inflamação), mas somente 10% foi grave. Já as reações adversas neurológicas foram vistas em 60% dos casos, sendo grave em 28%.

Conclusão: não houve diferença no resultado independente do tipo de tratamento realizado previamente. Entretanto, pacientes que fizeram CAR-T com dois ou menos tratamentos prévios, tiveram resultados melhores.

* Referência: Ahmed, N. et al., REAL-WORLD OUTCOMES OF BREXUCABTAGENE AUTOLEUCEL (BREXU-CEL) FOR RELAPSED OR REFRACTORY MANTLE CELL LYMPHOMA: A CIBMTR SUBGROUP ANALYSIS BY PRIOR TREATMENT. European Hematology Association. Abstract S220, 2023.

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  • Linfoma primário de sistema nervoso central – Tisa-cel (tisagenlecleucel) e Axi-cel (axicabtagene ciloleucel)

Foram incluídos 25 pacientes com idade mediana de 68 anos e mediana de três tratamentos prévios, sendo que 56% já tinham sido submetidos ao transplante de medula óssea autólogo.

Eles foram divididos em dois grupos: 16 voluntários fizeram terapia com tisa-cel (tisagenlecleucel) e 9 axi-cel (axicabtagene ciloleucel).

CAR-T cell para linfoma

60% dos pacientes entraram em remissão completa e, aqueles que alcançaram essa resposta, no final de um ano, atingiram um platô. Os pesquisadores sugerem que essas pessoas podem estar curadas. 

O estudo destaca que todos que entraram em platô passaram por um tratamento prévio com uma droga que fez com que eles entrassem em CAR-T com uma resposta parcial.

Em relação aos efeitos colaterais, 92% apresentou a síndrome inflamatória, mas ela foi grave em apenas 6% e a síndrome neurológica aconteceu em 56% dos casos, sendo grave em 20%. Porém, os pesquisadores acreditam que, em alguns casos, o efeito colateral neurológico grave poderia estar relacionado com o linfoma no SNC não ao tratamento.

*Choquet, S. et al., EFFICACY AND TOXICITY OF CAR-T CELLS IN PRIMARY CENTRAL NERVOUS SYSTEM LYMPHOMAS, A NEW REFERENCE: THE FRENCH EXPERIENCE OF THE NATIONAL LOC NETWORK. European Hematology Association Abstract S232, 2023. 

  • Linfoma difuso de grandes células B recaído – axi-cel (axicabtagene ciloleucel)

Participaram deste estudo 62 pacientes com idade superior a 60 anos, a mediana era de 70 anos. 55% deles eram refratários à primeira linha de tratamento.

Eles usaram como parâmetro os resultados do exame PET Scan após três meses do tratamento padrão, que era de 12% de resposta metabólica completa.

CAR-T Cell para mieloma multiplo

Como resultado do estudo, os pesquisadores avaliaram que 66% dos pacientes apresentaram resposta metabólica completa aos 3 meses, tendo uma sobrevida livre de progressão em 12 meses de 51% e sobrevida global de 78%

94% dos pacientes tiveram síndrome inflamatória, sendo apenas 8% grave, e 52% tiveram a síndrome neurológica, ela foi grave em 11%. Diante desses resultados, os pesquisadores consideram que o tratamento foi bem tolerado.

Entretanto, eles fizeram uma ressalva: dos indivíduos que morreram ao longo do estudo, metade foi devido à progressão do linfoma e metade por conta de infecções. Portanto, é fundamental estar atento e ter muito cuidado com infecção nessa população de mais idade. 

*HOUOT, R. et al. AXICABTAGENE CILOLEUCEL AS SECOND-LINE THERAPY FOR LARGE B-CELL LYNPHOMA IN TRANSPLANT-INELIGIBLE PATIENTS: FINAL ANALAYSIS OF ALYCANTE A PHASE 2 LYSA STUDY. European Hematology Association, abstract S233, 2023. 

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  • Mieloma múltiplo recidivado ou refratário – cilta-cel

Nesse estudo, chamado CARTITUDE-4, foram incluídos 400 pacientes que já haviam feito de um a três tratamentos prévios. Ele é uma evolução do CARTITDUDE-1, no qual foram incluídas pessoas que já haviam feito mais de três linhas terapêuticas.

O objetivo era identificar se há benefícios em realizar o CAR-T mais cedo e em doenças menos avançadas.

Médicos fazendo pesquisa para implementar o CAR-T Cell no SUS

Os voluntários foram divididos em dois grupos: um grupo foi submetido ao cilta-cel e o outro, a uma combinação de medicamentos. Essa combinação poderia ser daratumumabe + pomalidomida + dexametasona ou pomalidomida + bortezomibe + dexametasona.

Nos subgrupos de interesse (pacientes com mais idade, condições genéticas mais preocupantes etc), aqueles pacientes que fizeram cilta-cell tiveram uma vantagem, quando comparado a terapia de controle. 90% obteve uma resposta global, sendo 80% resposta completa. 

Os dados de sobrevida global ainda não estão maduros o suficiente para serem avaliados.

70% tiveram algum tipo de efeito colateral, mas foi observado que essa taxa foi menor que a taxa no CARTITUDE-1. Isso mostra uma vantagem de se fazer a infusão com CAR-T numa linha mais precoce.

O estudo foi feito durante a pandemia, então teve uma incidência elevada de infecções e óbitos por COVID-19, então os cuidados com infecções são mandatórios.

*Einsele, H., et al. FIRST PHASE 3 RESULTS FROM CARTITUDE-4: CILTA-CEL VERSUS STANDARD OF CARE (PVD OR DPD) IN LENALIDOMIDE-REFRACTORY MULTIPLE MYELOMA. Abstract: S100. HemoSphere. European Hematology Association – EHA 2023. 

Conclusões:

Os estudos apresentados no Congresso EHA 2023 oferecem perspectivas promissoras para o tratamento de subtipos desafiadores de linfoma. Embora essas descobertas apontem para novos horizontes terapêuticos, é importante observar que as terapias CAR-T ainda não são prática clínica padrão e aguardam aprovação em várias regiões, incluindo o Brasil. À medida que a comunidade médica se aprofunda nesses estudos, pacientes e profissionais de saúde podem antecipar abordagens mais eficazes e direcionadas para combater esses linfomas perigosos.

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