Fatores de risco, uma realidade para as leucemias
Última atualização em 29 de julho de 2021
Durante muito tempo ouvimos falar que não há um motivo aparente para o desenvolvimento deste tipo de câncer, mas metanálises recentes mostram o contrário
O Dr. Eduardo Magalhães, coordenador de leucemias agudas da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), explica que os fatores de risco das leucemias não são muito comentados porque não existe uma relação direta de um único agente.
“Trata-se de uma doença multifatorial. A relação, por exemplo, entre câncer de pulmão, cabeça e pescoço com o tabagismo é muito mais evidente. É um risco muito maior. Portanto, existe uma associação muito mais forte”, diz ele.
Os principais fatores de risco para leucemia, de acordo com a ABHH, são:
Leucemia mielóide crônica (LMC): exposição a altas doses de radioatividade e idade aumentada. Acomete mais homens que mulheres.
Leucemia mielóide aguda (LMA): tabagismo, exposição prolongada a produtos químicos como o “benzeno”, além de síndromes genéticas. Pessoas com síndromes mielodisplásica também podem desenvolver a LMA.
Leucemia Linfoide Crônica (LLC): exposição a substâncias químicas, como uso prolongado de pesticidas, e histórico familiar – casos em parentes de primeiro grau. Mais comum em homens que mulheres.
Leucemia Linfocítica Aguda (LLA): estar exposto à radiação e substâncias químicas como benzeno. Embora não haja demonstrações de que seja hereditária, algumas síndromes familiares são fatores de risco, como a “Síndrome de Down”.
Vamos entender melhor os dois principais fatores de risco da leucemia
Radiação
Não são todos os tipos de radiações que são consideradas fatores de risco. “O tipo de radiação que está mais associada ao desenvolvimento das leucemias são aqueles nas quais nós temos uma maior penetração no tecido”, explica o Dr. Magalhães.
Ou seja, existem alguns tipos de radiações considerados mais potentes que outros. Essas mais fortes têm a capacidade de chegar mais profundamente no tecido humano.
Ao alcançar camadas mais profundas do tecido, a radiação pode causar quebras na cadeia do DNA. “Quanto maior a quebra da cadeia do DNA, maior a chance que esse DNA se arranje de outra forma ou acabe apresentando alguma falha pontual e, com isso, gere mutações que podem levar a uma leucemia”, diz o especialista.
Enquanto que os tipos mais fracos atingem apenas a superfície, podendo até serem usados para alguns tratamentos. Por exemplo, para pacientes que estejam tratando um câncer de pele.
Outro ponto importante sobre a radiação é que seu efeito é cumulativo ao longo da vida. Isso vale também para a radiação encontrada em exames, como o raio-x. “Existe uma limitação para que não se use desnecessariamente em excesso esse exame. A longo prazo, isso pode ter uma contribuição no desenvolvimento do câncer”, explica ele.
Substâncias químicas
Dentre as substâncias encontradas como fatores de risco para leucemia está o benzeno, um derivado do petróleo muito encontrado no nosso dia a dia. Ele é utilizado na gasolina, principalmente, então pessoas que têm contato com esse material devem se manter atentas.
“O benzeno é considerado carcinogênico por mais de um mecanismo, como as lesões no DNA da célula. Essas lesões se preservam ao longo da divisão celular. Portanto, têm a potencialidade de levar a um clone leucêmico que ao longo do tempo vai resultar no diagnóstico de uma leucemia”, conta o Dr. Magalhães.
Outra substância que foi associada ao desenvolvimento da leucemia mielóide são os pesticidas. O hematologista diz que o efeito é mais evidente entre os trabalhadores que fabricam essas substâncias e naqueles que as aplicam.
Já na leucemia mielóide aguda, um dos principais fatores de risco é o tabagismo. Uma metanálise publicada em 2016 mostra que as pessoas que não fumam têm 36% menos chance de desenvolver LMA se comparadas com aqueles que fumam. E 20% em relação àqueles que fumavam, mas abandonaram o hábito.
“Entre as substâncias químicas que podem ser encontradas no cigarro e que podem estar associadas ao desenvolvimento da LMA está o próprio benzeno”, exemplifica ele.
Como os fatores de risco são definidos?
Podem ser usadas duas importantes estratégias para realizar essa definição. A primeira é chamada de epidemiológica. Nela se observa que existe uma quantidade de pessoas com aquela doença em uma determinada região. Então estuda-se quais fatores ambientais podem estar associados com um maior desenvolvimento da doença em questão.
“Um exemplo clássico são os sobreviventes dos ataques nucleares no Japão, no final da segunda guerra. Eles geraram um aumento de casos de leucemias agudas naquelas pessoas que sobreviveram”, conta o Dr. Magalhães.
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