Transplante ou terapia com medicamentos?
Última atualização em 29 de julho de 2021
A decisão sobre o melhor tratamento em caso de leucemia ou linfoma varia de acordo com cada caso. Mas deve ser tomada sempre em conjunto pelo médico, paciente e por seus familiares
Transplante de medula óssea (TMO) ou terapia com medicamentos? Eis uma dúvida comum às pessoas com linfoma e leucemia diante da oferta cada vez maior de tratamentos.
A resposta do Dr. Daniel Tabak, onco-hematologista do Comitê Científico da Abrale, é simples e humana. “Qualquer que seja a decisão, ela tem de ser partilhada pelo médico com todas as pessoas envolvidas na questão – no caso, o paciente e sua família. Ele deve considerar que não está tratando apenas pacientes, mas também pessoas”.
O que vai determinar a escolha do tratamento são as características biológicas da doença e do paciente. A indicação para o transplante depende do tipo, estágio da doença e idade da pessoa. Além disso, no caso do transplante, a doença deverá estar, preferencialmente, controlada. E não são todos os portadores de leucemia ou linfoma que têm indicação para realiza-lo.
Já o tratamento por medicamentos varia de acordo com o tipo de leucemia (linfoide ou mieloide). São três etapas: consolidação (intensivo, com substâncias empregadas anteriormente), reindução (repetição de medicamentos da fase de indução da remissão) e manutenção (mais brando e contínuo).
Transplante x outras terapias
Dr. Daniel Tabak observa que é preciso analisar se o transplante será mais apropriado para a cura da doença do que outras formas de terapia. Se houver indicação de um transplante alogênico, será necessário um doador compatível (aparentado ou não).
A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, radioterapia ou ambas. Dr. Tabak lembra que para este tipo de câncer o TMO passa a ser alternativa de tratamento quando os métodos convencionais deixam de surtir efeito. Em princípio, são indicados os transplantes autólogos, aqueles em que as células são originárias do próprio paciente.
“Havia dúvidas sobre se o transplante alogênico poderia ser adotado nos linfomas. Mas na última década nota-se um aumento significativo no uso desse tipo de tratamento. Houve uma modificação na forma como os pacientes começaram a ser preparados, a partir de tratamentos menos tóxicos”, justificativa o especialista.
Ele acentua, no entanto, que a maioria das leucemias e linfomas aceita os tratamentos por medicamento. Esses são os mais adotados no Brasil, por causa de outros fatores, como a dificuldade para encontrar doadores compatíveis e o ainda limitado número de leitos disponível para transplantes.
Também as leucemias agudas, segundo o Dr. Tabak, são primariamente tratadas com quimioterapia. “Hoje, nas leucemias mieloides agudas, os resultados com o tratamento de quimioterapia tradicional avançaram”. Nas leucemias mieoloides crônicas, houve uma mudança radical. Há algum tempo, a indicação era para transplante alogênico.
“Mas a introdução de medicamentos capazes de garantir a estabilização do quadro, como o Imatinibe, foi reduzindo os transplantes. Os tratamentos passaram a ser menos tóxicos e mais eficazes. Novas drogas são desenvolvidas ano a ano”.
Por que o transplante?
O transplante de medula óssea é a substituição de uma medula óssea doente ou com déficit por células normais. O objetivo é a reconstituição de uma nova medula.
Quais os tipos de transplante?
- Alogênico – As células são retiradas de um doador previamente selecionado por testes de compatibilidade sanguínea, normalmente identificada entre familiares ou em bancos de medula óssea.
- Autólogo – As células são retiradas do próprio paciente, armazenadas e reinfundidas após o regime de condicionamento.
- Singênico – As células provêm de gêmeos idênticos (univitelinos).
- Haploidêntico – Células de um doador parcialmente compatível, manipuladas para serem toleradas pelo receptor.
Como é feito o transplante?
Consiste na retirada de células localizadas principalmente nos ossos da bacia. A medula óssea é coletada por múltiplas aspirações por agulhas especiais ou por retirada com máquinas de aférese. Uma vez na corrente sanguínea, as células progenitoras vão se alojar na medula óssea e voltam a proliferar.