Entenda as mudanças no cadastro para doador de medula óssea
Última atualização em 22 de setembro de 2021
Saiba quais são, porque aconteceram e se elas impactam nas chances de achar um doador compatível
Em 2021, os requisitos para quem pode ser doador de medula óssea no Brasil foram alterados pelo Ministério da Saúde. O Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) divulgou que essas mudanças aconteceram para que os critérios brasileiros estejam de acordo com os internacionais e para beneficiar os pacientes que aguardam pelo transplante. Dentre as principais modificações estão a redução do limite de idade para novos cadastros e diminuição da quantidade de novos doadores que um estado pode incluir no banco em um ano.
Em 16 de junho deste ano, o Ministério da Saúde editou a Portaria nº 685, que entrou em vigor no dia 18 do mesmo mês. Por meio dessa decisão, ficou definido que o limite de idade para o cadastro de novos doadores cai de 55 para 35 anos.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os demais critérios para quem pode doar medula óssea permanecem os mesmos. Sendo eles:
- Ter boa saúde.
- Não apresentar doenças infecciosas ou hematológicas.
- Ter menos de 60 anos.
Ou seja, a pessoa deve se voluntariar com, no máximo, 35 anos, mas ficará no registro até os 60. Esse limite já existia anteriormente, sendo que após essa idade, o cadastro é excluído.
A Drª. Danielli Oliveira, coordenadora Técnica do Redome, explica que o Ministério da Saúde tem discutido a implementação dessas mudanças há três anos.
“Elas vêm seguindo recomendações e critérios de registros internacionais. Então, essa mudança tenta trazer ao Redome os melhores e mais atualizados critérios no nível de cadastro e seleção de doadores”, ela diz.
Mudanças nos critérios para ser doador de medula óssea
É importante entender que essas alterações valem, somente, para novos cadastros, isto é, para pessoas que ainda não estavam no Redome. Pessoas que já haviam se voluntariado não entram nessas novas regras.
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Limite máximo de idade
Como falado anteriormente, a partir de junho de 2021 somente poderão se cadastrar pessoas com, no máximo, 35 anos.
Esse critério vale para qualquer doador não aparentado.
Por que esse requisito foi definido?
A Drª. Danielli esclarece que, para esse critério, foi levado em consideração o fato de que, atualmente, 80% dos doadores têm até 40 anos. Além disso, também levou-se em conta evidências científicas que demonstram que o transplante de medula óssea tende a ter um melhor resultado quando o doador é mais jovem.
“Por isso, a média de idade dos doadores que realizam o procedimento é, de fato, de 32 anos. Assim, a chance de um doador cadastrado com 40 anos, por exemplo, ser selecionado, é muito menor em comparação com um mais jovem. Por esse motivo, registros no mundo todo tem como limite de idade entre 30 e 40 anos.”
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Diminuição da cota de novos cadastros
A quantidade máxima de novos doadores que um estado pode cadastrar anualmente foi reduzida. No Espírito Santo, por exemplo, antes da mudança, o limite era de 12 mil novos cadastros, agora, essa cota é de 5 mil.
De acordo com a coordenadora técnica, a conta foi feita tendo como base o percentual da população de cada estado já representado no Redome e o número de cadastrados nos últimos três anos.
“Nós entendemos que os estados que têm uma tradição de cadastro, que têm uma população maior, terão um número maior de novos doadores e, aqueles estados que têm uma atividade menor, terão um número menor”, ela informa.
Em todo o Brasil, o limite ao longo do ano será de 145.632 novos doadores. É de responsabilidade do gestor de cada local distribuir a cota para os hemocentros e hemonúcleos responsáveis pelo cadastro.
Por que essa mudança aconteceu?
Segundo a porta-voz, os estudos e acompanhamentos dos dados do Redome demonstram que a entrada de novos doadores tem atuado mais no nível de reposição.
“Então, quando pensamos em termos de diversidade genética, os pacientes que necessitam de um TMO, se tiverem um doador, vão encontrar um doador já cadastrado. Os novos cadastrados entram para substituir os doadores que todo ano saem do registro, por questões de idade, saúde etc.”
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Melhoria da tipagem histocompatibilidade (HLA)
A médica fala que, hoje em dia, a tipagem HLA realizada é parcial e de baixa resolução. Então, quando um potencial doador é identificado, tem-se apenas informações parciais sobre ele. Por isso, é preciso fazer outros testes para se certificar que a medula dessa pessoa é realmente compatível com o paciente.
Por que isso foi feito?
Esses exames adicionais podem fazer com que o processo do transplante seja mais complexo e demorado.
“A partir do momento que os doadores são cadastrados com uma tipagem mais completa, será possível saber, de início, se aquele doador realmente é compatível. Assim, aceleramos o processo de identificação e, consequentemente, do transplante”, pontua a doutora.
Como acontece a doação de medula óssea?
Este é um procedimento rápido, que não exige ao doador modificar sua rotina Por Natália Mancini O processo de doação…
Como essas alterações dos doadores de medula óssea impactam os pacientes?
Conforme apontam dados do Redome, desde 2012, foram 2.356.352 novos cadastros de doadores e 2.984 de transplantes de medula óssea de doadores não-aparentados realizados em todo o Brasil. Os doadores cadastrados no banco nacional representaram cerca de 70% destes procedimentos.
A médica assegura que “pacientes que precisam de um doador não serão impactados. O fato de serem menos doadores e doadores mais jovens, ajuda no resultado do transplante e a tipagem melhor facilita o processo de identificação, agilizando a busca. ”
Ela complementa salientando que o Redome faz parte de uma rede internacional que contém 38 milhões de doadores. Então, caso não seja encontrado um doador compatível no Brasil, faz-se a procura nos registros internacionais. Sendo que, de acordo com a médica, o tempo da busca é o mesmo para doadores nacionais e internacionais – mais de 90% dos pacientes identificam um doador compatível e completam o processo de busca em até 90 dias.
“O número de transplantes continuará a ser uma variável da quantidade de pacientes que precisam e da capacidade dos nossos centros de transplante realizarem transplantes. O número de novos doadores, de maneira alguma, irá impactar nesse resultado”, a Drª. Danielli Oliveira finaliza.
Quem já está cadastrado no Redome, deve lembrar de manter o cadastro atualizado para que, caso haja um paciente compatível, seja possível entrar em contato com esse doador o mais rápido possível. A atualização dos dados deve ser feita neste site: http://redome.inca.gov.br/doador-atualize-seu-cadastro/.
Neste mês especial, a Abrale fará ações informativas em suas redes sociais, e também na Revista Abrale Online, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de conhecer os sintomas e de realizar o diagnóstico precoce, além de homenagear os pacientes de cada uma destas patologias.
Em 18/09/2021 é celebrado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. O objetivo dessa data é conscientizar a importância de ser um doador.
Para mais informações sobre a campanha, acompanhe as nossas comunicações no:
- Site da Abrale (https://www.abrale.org.br/)
- Instagram (https://www.instagram.com/abraleoficial/)
- Facebook (https://www.instagram.com/abraleoficial/)
Com 56 de idade, eu tive a felicidade de doar minha medula para meu irmão, o procedimento aconteceu no início de agosto de 2021. A compatibilidade foi de 100%, já aconteceu a pega e a recuperação dele está evoluindo !!!
Olá, Fernando, como vai?
Que ótima notícia! Temos certeza que foi um momento de muita alegria para o senhor, seu irmão e toda a sua família. Muitíssimo obrigada por compartilhar a sua experiência conosco e com outros pacientes ?
E que ótimo que seu irmão está evoluindo bem!
Qualquer coisa que você ou seu irmão precisarem, estamos à disposição.
Abraços!
Se já é difícil de encontrar uma pessoa com compatibilidade, imagine agora com a redução da idade, haja vista a diminuição do numero de doações. Não consigo entender essas mudanças… Mesmo que tenha um pouco mais de risco, ainda acredito que se o paciente tem alguma chance e melhor do que não ter nenhuma.
Olá, Eric, como vai?
Conforme explicado na matéria, de acordo com o Redome, essas mudanças não irão alterar as chances dos pacientes de achar um doador compatível e oferecerão maior qualidade para o transplante, bem como mais chance de sucesso. Além disso, também segundo o instituto, atualmente, 80% dos doadores têm até 40 anos e a média de idade dos doadores que realizam o procedimento é de 32 anos. Ou seja, teoricamente, quem está em busca de um doador não será prejudicado.
Abraços!
Olá! Primeiramente eu gostaria de ter acesso aos dados que justificaram esta mudança de idade pra poder argumentar melhor. Porém, inicialmente diminuir a idade é sim diminuir as chances de quem necessita de uma doação, pois um doador de qualquer idade pode vir a ser compatível e somente o exame pra identificar. Com relação as “evidências científicas que demonstram que o transplante de medula óssea tende a ter um melhor resultado quando o doador é mais jovem” não justifica impedir o paciente de lutar por sua vida e fazer um transplante fora desta faixa etária como o próprio lema da Abrale diz 100% de esforço onde houver 1%de chance. A impressão que fica é que esta mudança é pra diminuir o custo e as despesas do Redome.
Olá, Lucas, como vai?
As atualizações no REDOME foram feitas a partir de diferentes análises técnicas do próprio órgão, o senhor pode entrar em contato com eles e solicitar esses dados. Lembrando que, hoje, temos mais de 5 milhões de doadores e precisamos cada vez mais pensar na qualidade destes cadastros e não somente nos números. Isso acontece porque, apesar da grande quantidade de voluntários cadastrados, temos pouca variedade em relação aos “tipos” de medula. Por isso, os especialistas afirmam que precisamos ter maior qualidade e variedade no banco. Algumas maneiras encontradas para fazer isso é limitando a idade máxima que pessoa pode se cadastrar (sendo que ela pode doar mesmo após essa idade) e também melhorando os exames que o voluntário realiza na hora que se cadastra. Assim, o dinheiro será redirecionado para melhorar esses exames iniciais, conforme explicamos no tópico “Melhoria da tipagem histocompatibilidade (HLA)”.
O Redome ainda garante que não haverá uma menor chance de encontrar um doador compatível, pois a busca é feita em bancos mundiais. Então, caso não seja encontrado no banco brasileiro, ainda é possível achar em outros locais.
Abraços!
Vão me desculpar, não faz sentido nenhum não poder cadastrar após 35 anos e quem já está cadastrado fica no sistema até 60 anos…. É muito mais lógico limitar a idade máxima pra doar e não pra cadastrar.
Confesso que fiquei surpreso com a notícia, a alguns meses já vinha pensando em me tornar um doador, hoje, ao buscar mais informações sobre o tema descobri essa matéria informando do novo limite de idade para se tornar um doador, o que me impede, com 37 anos, de entrar no banco de dados de doadores.
Busquei outras matérias sobre o tema e, sendo uma determinação, não há muito o que fazer, mas de fato julgo importante que haja mais divulgações sobre o tema.
Olá,Edmar, como vai?
Realmente, esse tema não foi muito divulgado, por isso julgamos importante fazer essa matéria trazendo todas as explicações! Assim, pessoas que querem se tornar doadoras e estão próximas ao limite de idade podem procurar um hemocentro com mais rapidez.
Uma pena que o senhor não conseguiu se cadastrar, mas você ainda pode ter uma grande importância nessa luta, divulgando e incentivando os amigos, conhecidos e familiares a se cadastrarem no Redome!?
Abraços!
Tenho 38 anos e gostaria de ser doadora, inclusive já tem até uma pessoa que eu queria ajudar caso fosse compatível, mas acabei de ver que não estou mais na idade que eles exigem,tentando fazer o bem e esbarrando nas leis e regulamentação que não ajudam a ninguém, vemos todos os dias tanta gente morrendo com essa doença maldita ,como que isso não vai prejudicar, se com mais idade já se morre tantos imagina agora que colocaram 20 anos a menos , só Deus pra ter misericórdia de qu precisa.
Boa tarde!
Eu sou transplantado a 09 anos, meu doador (irmão) tinha 49 anos minha recuperação foi total, com 01 ano já não tomava nenhum medicamento.
Se o problema é a diversidade do banco pq não fazer campanhas para o cadastro de Pretos, Indigenas e descendentes de orientais? pouquissímos países tem essa idade limite ou abaixo dela, o EUA por exemplo a idade é de 45 anos.
Concordo que o HLA de auta resolução é um avanço mas custa mais que o dobro do em media resolução, na minha opinião esse é o motivo para diminuição das cotas.
Se o problema é de verba (dinheiro) pq não se implanta o cadastro por SWAB que nos EUA custa cerca de US$50,00? será que não temos laboratórios para isso? claro que temos!
Admiro muito a Abrale por todo seu trabalho em prol dos pacientes e familiares e acho que deveriam lutar contra essa medida, essa é minha opiniao pessoal.
Att Luis Fernando Afonso
Não gostei na mudança da idade, fui hoje fazer meu cadastro e não pude porque tenho 40 anos. Fui com uma vontade enorme do meu coração que sabe que tem alguém que precisa da minha doação. Será que consigo de alguma forma fazer esse cadastro?
Olá, Greice, como vai?
Compreendemos a sua frustração ? Mas, enquanto a Portaria publicada pelo Ministério da Saúde valer, será preciso seguir esse limite de idade.
O que a senhora pode fazer, é incentivar os amigos e familiares a se voluntariarem, já é uma ótima forma de ajudar também!
Abraços!