Um por todos, todos por um
Última atualização em 29 de julho de 2021
Profissionais de diversas especialidades se unem para atender de forma ampla e integrada às variadas necessidades dos pacientes
Consultas médicas, exames, hospitais. Quem tem algum problema de saúde está acostumado com essa rotina.
O tratamento interdisciplinar vem ganhando espaço nas universidades, hospitais e clínicas de todo o mundo. Trata-se de uma forma de cuidar de pacientes com doenças complexas, pois, em alguns casos, remédios e a assistência de bons médicos não solucionam o quadro.
Mas em que consiste de fato o trabalho da equipe multidisciplinar? Ele prevê uma inter-relação entre os diversos profissionais envolvidos em cada caso, fazendo com que o foco no paciente seja maior. Ele deve ser o alvo da atenção de todos ao mesmo tempo, e a coordenação dos trabalhos possibilita a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de cada caso, além da reabilitação física, emocional e social.
“A equipe multidisciplinar é uma maneira de olhar de forma holística e integrada para um paciente. As condutas são otimizadas e as alterações importantes a serem tratadas ou avaliadas periodicamente não passam em branco”, ressalta o onco-hematologista do Hospital Albert Einstein e membro do Comitê Científico Médico da Abrale, Dr. Nelson Hamerschlak. Dessa forma, todas as áreas se entrelaçam para que a troca de informações e a maneira de tratar cada pessoa sejam eficazes.
Entre os profissionais envolvidos estão médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, dentistas, fisioterapeutas, farmacêuticos. Todos executam suas tarefas conscientes de que há uma equipe por trás do paciente e que ela está trabalhando unida.
“Os profissionais continuam fazendo as visitas diárias aos seus pacientes, mas depois disso há comunicação entre eles para que a prescrição seja comum para cada caso”, comenta o Dr. Celso Arrais, do Hospital Sírio-Libanês.
A evolução
A proposta para que os profissionais de várias áreas assistissem os pacientes de forma integrada começou com os grupos multidisciplinares. Ainda que de modo incipiente, tais grupos significam um canal com o paciente, um jeito de ouvi-lo. Embora na equipe multidisciplinar a atuação de cada profissional seja independente.
Assim, com a crescente necessidade de cuidar das variadas carências do paciente, os grupos interdisciplinares surgiram em algumas universidades, clínicas e hospitais. Assim, ganham ainda mais força nos dias de hoje.
Além disso, essa visão trouxe estímulo também ao paciente, já que ele pode se manifestar. ”Ele entende melhor o processo e chega a opinar no tratamento, pois tem consciência de sua situação e aceita melhor as medidas adotadas. Isso porque o paciente não pode ser visto isoladamente, mas como um todo”, opina o Dr. Celso Arrais.
A transdisciplinaridade
Com a evolução desse tratamento, surge agora a equipe transdisciplinar, um nível superior à interdisciplinaridade, em que desaparecem os limites entre as disciplinas. Ela dá assistência global ao paciente e, paralelamente, promove o crescimento de cada profissional envolvido no processo.
“Não há área na medicina que precise mais do tratamento transdisciplinar do que a onco-hematológica, pois são pessoas que necessitam de mais e maiores cuidados”, afirma o Dr. Arrais.
Sua visão sobre tais casos clínicos é compartilhada com os demais médicos envolvidos nessas equipes. No câncer, essa abordagem é fundamental. Sendo uma doença complexa, não bastam radioterapia, quimioterapia ou ambas para que o paciente seja plenamente atendido. Ele também tem necessidades nutricionais, sociais, psicológicas e dentárias – tanto em consequência da própria doença quanto dos tratamentos.
E as práticas integrativas mostram resultados superiores aos dos tratamentos comuns no que diz respeito ao bem-estar do paciente. “Nosso melhor exemplo é o transplante de medula óssea. O paciente passa por uma avaliação inicial que aponta suas necessidades, assim como os cuidados dentários. Uma das principais fontes de infecção e desconforto é a mucosite. Quando ela está sob controle, os resultados em termos de sobrevida e de intercorrências melhoram automaticamente”, salienta Dr. Nelson Hamerschlak.
Outro diferencial é a fisioterapia, pois umas das principais causas de dificuldade de recuperação é a miopatia – atrofia muscular – devido ao uso de corticoides. Assim, com a prevenção e o tratamento precoce. A melhora do paciente é visível.
Tratamento humanizado, benefícios para todos