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Novo protocolo de medicamentos para anemia aplásica severa é estipulado

Médica entregando medicamentos para paciente com anemia aplásica
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Última atualização em 23 de fevereiro de 2022

Estudo demonstra que, com nova combinação de drogas, é possível alcançar uma resposta mais rápida e melhor

Utilizar um protocolo de tratamento contendo três medicamentos para anemia aplásica severa mostrou ter melhores resultados, em comparação com o protocolo que era administrado até então, o qual tem somente duas drogas. Essa descoberta foi publicada em janeiro de 2022 e indica que esse deve ser o novo padrão de terapia.

O estudo publicado no New England Journal of Medicine (NEJM) foi a primeira grande mudança que aconteceu no tratamento da anemia aplásica (AA), especialmente a severa, desde 1991. 

O Dr. Phillip Scheinberg, coordenador de Hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e um dos principais pesquisadores sobre novos tratamentos da doença no mundo, conta que em 1991 foi descoberta que a combinação da globulina antitimocítica de cavalo (ATG), uma droga imunossupressora, com a ciclosporina gerava resultados melhores que a ATG sozinha.

Desde então, “vários tratamentos foram testados com os regimes de três drogas, associando outros imunossupressores, mas eles não se mostraram superiores à combinação da ATG com ciclosporina”, o Dr. Philip diz.

Entretanto, nesse novo estudo, pela primeira vez, foi realizado um teste randomizado, ou seja, foi comparado diretamente o regime de duas drogas versus o de três drogas.

“Foram incluídos aproximadamente 200 pacientes e viu-se que o regime de três drogas foi superior ao de duas, no que diz respeito a um número maior de respondedores e também um período mais rápido de resposta, na qual os pacientes atingiam mais brevemente uma independência de transfusões”, aponta o hematologista.

A sobrevida livre de eventos foi de 34% no grupo que recebeu o protocolo com dois medicamentos e de 46% no que recebeu três.

“Com isso fica estabelecido um novo padrão no tratamento imunossupressor na anemia aplástica severa em pacientes que não são submetidos ao transplante alogênico de medula óssea como tratamento inicial”, o Dr. Scheinberg afirma.

Medicamentos para anemia aplásica severa

O novo remédio incluído nesse protocolo é o eltrombopague. Dessa forma, o padrão de tratamento passa a contar com os medicamentos ATG, ciclosporina e eltrombopague.

O especialista esclarece que o papel dessa terceira droga é estimular as células-tronco hematopoiéticas, aumentando a produção das células sanguíneas. Isso também faz com que as células do sangue exerçam melhor seu trabalho.  

Medicamentos para anemia aplásica

“Porém, pode ser que o eltrombopague também exerça outras funções favoráveis que possam controlar o distúrbio autoimune, que ocorre na AA severa. Além disso, ele também apresenta a propriedade de quebrar o acúmulo de ferro, que existe em pacientes que recebem múltiplas transfusões de sangue”, ele acrescenta.

Quando os pesquisadores juntaram esse medicamento com as outras duas drogas, perceberam diversas vantagens. A principal foi que mais pacientes responderam ao tratamento e, especialmente, mais pessoas apresentaram uma resposta completa. Outro ponto foi que o tempo em que a resposta aconteceu foi mais rápido. Dessa forma, os portadores de AA severa precisaram fazer menos transfusões de sangue e/ou plaquetas.

“É importante ressaltar que a resposta hematológica com a terapia imunossupressora é um importante preditor de sobrevida em longo tempo. Como existe uma íntima correlação entre resposta hematológica, terapia supressora e sobrevida, a expectativa é de que o novo protocolo também aumentará a sobrevida dos pacientes”, o Dr. Sheinberg reforça.

A administração das três drogas funciona assim:

  • ATG de cavalo intravenosa por quatro dias em regime de internamento
  • Ciclosporina e eletrombopague são iniciadas ao mesmo tempo, via oral. Elas são mantidas por, pelo menos, seis meses. Depois desse tempo, avalia-se se houve, ou não, uma resposta adequada.
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Disponibilidade no Brasil

Nem todos os três medicamentos para a anemia aplásica severa, estipulados no novo protocolo, são fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O eltrombopague em associação com as terapias imunossupressoras já está aprovado no Brasil. Apesar disso, ele não está disponível no SUS para pacientes com AA severa. 

Ícone de receita médica

O médico acredita que “provavelmente será feito um pleito para que essa medicação também seja incorporada pela CONITEC para os pacientes do serviço público de saúde, dado a melhora das respostas com o eltrombopague quando associado à terapia imunossupressora.”

Já a ATG é fornecida no SUS. Mas não é a ATG de cavalo, indicada no estudo, é a ATG de coelho, que é menos eficaz. 

“Infelizmente, essa formulação está associada a resultados inferiores quando comparados à ATG de cavalo na anemia aplástica severa.  Mas, em vários países já se usa o eltrombopague associado à ATG de coelho e parece ser efetivo com bons resultados”, o Dr. Phillip Sheinberg fala.

Entretanto, o ideal é que sejam realizados mais estudos com um maior número de pacientes. Isso permitirá chegar a uma resposta mais robusta sobre o uso da ATG de coelho no protocolo.

Por último, a ciclosporina já está aprovada e disponível no SUS para pacientes com anemia aplásica


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12 Comentários
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Parabéns pela matéria! Informações muito importantes

Tenho uma dúvida

Boa tarde, minha filha adquiriu esse triste e cruel doença ,somos do Piauí mas como o tratamento aqui, até a data o qual o fez, era paliativo, resolvemos levar para São Paulo com esperança de cura, fez o tratamento com ATG de Coelho ,varias esperanças, mas o tratamento fez com que sua imunidade debilitasse mais ainda ,sua AA era severa ,todo o seu organismo ficou cada fez mais debilitado, onde além das constantes bolsas de sangue, plaquetas até de plasma, passamos oito meses em tratamento onde passou mais internada do quê em casa, veio um pouco de melhora e assim retornamos para nosso estado e nove meses após a perdemos….não existe uma superação mas uma dor sem nome e sem tamanho e hoje ao ler e ver que esse novo protocolo aceita essa nova medição…ESPERANÇA para todos…infelizmente nem todos podem obter o ATG de Cavalo, e o individuo tem que optar ATG de Coelho ou ATG de Cavalo, porque as duas não poderia ser feita, assim foi informado …lutemos pelo bem de todos, quanta informações, quantas famílias precisam saber, que o amor ao próximo vença sempre, obrigado por darem esperança e uma grande possibilidade de cura, Deus no controle sempre. Que todas essas informações sejam corridas nas redes,hospitais,em todos âmbitos social para informações de todos. Parabéns.

Tenho 55 anos e recentemente fui diagnosticada com ANEMIA APLÁSTICA IDIOPÁTICA..confesso q estou um pouco confusa..não consigo assimilar direto o q acontece..tenho muito falta d ar..sempre tive uma vida bem regrada..sempre pratiquei atividades físicas..dois empregos..e derepente.. amarrar os sapatos virou um desafio. Iniciei o tratamento com ciclosporina e corticóide..e uma vez por semana..retorno na Hemato pra dosagem e ajuste da dose..tbm tomo antibiótico profilaxia pra infecção..e óxido de magnésio..nunca tomei tanto remédio..fico muito enjoada..gostaria d saber se a melhora dos sintomas demoram muito ainda a serem percebidos..tem duas semanas q iniciei o tratamento..mais não sinto melhora.
Obrigada

Sueli

Sou portadora de anemia aplastica há 39 anos antes eu fazia tratamento em Juiz de fora no hospital escola ,mas em 1992 perdi a vaga lá, vivo sem tratamento e passo muito mal preciso de ajuda.

Boa noite! Minha mãe iniciou tratamento para Aplasia de Série Vermelha Pura em Abril/ 2022 com Ciclosporina. Hoje, 1 ano e 4 meses depois ela continua fazendo transfusões uma vez por mês. Gostaria de saber se o ATG ou Eltrombopague podem também ser combinados ao tratamento com Ciclosporina mesmo na Aplasia de série vermelha pura ou somente na Anemia Aplástica Grave? Obrigada

Obrigada! Quero sim! Vou entrar em contato para agendar. Obrigada

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