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Escrever é um bom remédio

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Última atualização em 30 de julho de 2021

Escrever sobre sentimentos leva ao autoconhecimento, ao controle das emoções e faz bem à saúde

“Eu escrevo como se fosse salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida”. Clarice Lispector estava com câncer quando registrou essa frase no livro Um Sopro de Vida (Pulsações), uma de suas últimas obras. De fato, ela nunca deixou de afirmar em entrevistas que escrever era aquilo que a mantinha viva. O tom radical das declarações da escritora é compreensível para alguém que fez das letras sua paixão e ofício. Mas mesmo aqueles que não têm como hábito transferir seus sentimentos para a ponta do lápis ou para a tela do computador podem descobrir quão saudável pode ser essa forma de expressão.

“Freud, o pai da psicanálise, descobriu que a palavra cura”, explica a psicanalista Regina Fabbrini. “É ela que nos faz humanos, pois permite uma representação do mundo, da natureza. Quando você fala ‘dói o meu pé’, precisa separar uma parte do seu corpo e nomear uma sensação”. Esse processo relatado por Regina é o mesmo que ocorre se registram os sentimentos pela palavra escrita. O autor toma distância que vivencia e é capaz de dimensionar seus sentimentos.

Segundo estudos, o registro em diários, blogs ou até mesmo pelas redes sociais e seus grupos, tem até desdobramentos psicossomáticos. Uma das primeiras pesquisas nesse sentido foi dirigida no começo da década de 90 e mostrou que, pessoas que escrevem sobre seus sentimentos tiveram seu sistema imunológico fortalecido.

Hora de escrever

Um estudo publicado em 2008 no periódico The Oncologist analisou a expressão escrita de 71 pacientes com linfoma e leucemia em uma clínica de Washington, nos Estados Unidos. Depois de um exercício de texto, 49% deles disseram que seus pensamentos sobre a doença haviam mudado e 35% apontaram mudanças no modo como se sentiam em relação ao câncer. A equipe também analisou o teor das redações, examinando temas, palavras e frases significativas. A maior parte das mudanças relatadas – em relação à família, espiritualidade, trabalho e futuro – era positiva.

Apesar de as manifestações dos pacientes geralmente apontarem essa direção, não há regras para a prática da escrita como terapia. Alguns gostam de divulgar informações sobre a doença, outros falam de suas rotinas.

Uma dica é sempre anotar no bloco de notas do celular – ou se for à moda antiga, em uma agenda – pensamentos e sentimentos, que podem virar textos a serem divulgados depois.


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