Síndrome Mielodisplásica (SMD) e o tratamento com quelantes de ferro no Brasil
Última atualização em 29 de julho de 2021
Pacientes precisam usar estes medicamentos por conta das inúmeras transfusões de sangue que realizam ao longo de toda a terapia
Por Nelson Correa, pesquisador da Abrale
A síndrome mielodisplásica (SMD), ou mielodisplasia, é uma doença hematológica que altera a produção das células do sangue aumentando o risco de o paciente desenvolver leucemia. A principal alteração da SMD é a anemia, exigindo que o paciente receba transfusões sanguíneas constantes.
No entanto, as transfusões levam ao acúmulo de ferro no organismo, que é caracterizado pelo aumento da ferritina no sangue. Nestes casos, para eliminar o excesso de ferro no organismo, é necessário realizar terapia com quelantes de ferro (TQF). Estudos indicam que a TQF reduz em 43% a mortalidade dos pacientes com SMD. Além de diminuir em 30% o risco de transformação da SMD em leucemia.
No Sistema Único de Saúde (SUS) são fornecidos aos pacientes três tipos de medicamentos para a sobrecarga de ferro: o Deferasirox, o Mesilato de Desferroxamina e a Deferiprona. Porém, a distribuição dos quelantes de ferro é feita, além da SMD, para outras doenças hematológicas que dependem da transfusão de sangue como a talassemia e anemia falciforme.
Distribuição dos quelantes de ferro no SUS
Analisando a distribuição dos quelantes de ferro no SUS, podemos entender um pouco mais sobre o cenário atual do tratamento dos pacientes com sobrecarga de ferro ocasionada pelas transfusões de sangue.
O número de pacientes recebendo TQF aumentou 96% entre 2010 e 2018, passando de 2.283 em 2010 para 4.466 em 2018.
No período estudado, 41% dos pacientes eram do Estado de São Paulo, 8% de Minas Gerais, 6% do Rio Grande do Sul e 6% da Bahia.
Quase metade das pacientes (46%) precisam se deslocar para outro município para retirar os medicamentos.
O Deferasirox (em todas as concentrações) foi a TQF mais prescrita no período, correspondendo a 87% do total, seguido pela Deferiprona (8%) e Deferroxamina (5%).
Considerando todos medicamentos, a prescrição de quelantes de ferro cresceu 130% entre 2010 e 2018, passando de 11.204 prescrições em 2010 para 25.735 prescrições em 2018.
A quantidade de prescrições de Deferasirox cresceu de 8.572, em 2010, para 23.169, em 2018, um crescimento de mais de 170%.
A Deferiprona apresentou um crescimento geral de aproximadamente 36%, aumentando de 1.341 prescrições em 2010 para 1.818 em 2018.
A Desferroxamina apresentou um decréscimo do número de prescrições, reduzindo de 1.291 em 2010 para 748 em 2018, o que representa uma redução de cerca de 42%.
O custo total do SUS com a TQF no período analisado foi de R$ 506.277.467,66. Em 2010 este custo foi de R$ 27.779.258,00, uma média de R$ R$12.167,87 por paciente e em 2018 foi de R$ 64.647.167,20, com a média por paciente de R$ 14.475,41, o que representa um aumento de 133% no custo total e 19% no custo médio por paciente.
Saiba mais sobre a síndrome mielodisplásica aqui
Fatores de risco, uma realidade para as leucemias
Teste